segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Bolsa de valores.

Hoje, as pessoas encaixam com extrema facilidade -  com um certo ânimo até -  que a vida humana é algo sempre sem sentido e que acaba sempre mal, e que por isso temos de estar em paz com ela. Regular o chip para valores de alcance intermédio e prosseguir no melhor índice possível. Se os raios de luz são raros, ou apenas uma miragem, pois que se espere tranquilamente que eles surjam. Se a felicidade durável escapa, pois que nos resignemos e aproveitemos os momentos mais felizes. Se a paixão ardente se muda no caleidoscópio para outra coisa mais lenta, mais madura e menos temperamental, que se aceite de boa mente aquecermo-nos ao calor dessa chama mais suave. Mas se o amor, quando tentam prendê-lo nas suas mãos ou simplesmente nos seus corações, se esquiva ao seu enlace como a água por entre os dedos, porque na realidade não há ali ninguém, já não há viv'alma que consiga reconciliar-se com a ideia de amar o que encontra. O amor nunca basta. Deveria bastar. Afinal é só aquilo. É o que se tem. E cada um tem o que tem. Mas não, não há viv'alma. O amor é um papel fraco.

13 comentários:

  1. A bolsa anda queda livre, tal como os valores.

    Boa tarde (Im)pontual

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    1. noname, não será o papel que é fraco demais?

      Boa tarde, noname.

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    2. Não havendo lugar para tantas estrelas principais, será de considerar que seja o papel a baixar de qualidade.

      :)

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  2. Impontual, o Amor tem o valor que cada um de nós lhe dá. Apesar das adversidades e das desilusões, o Amor ainda é o Sentimento maior que faz o Mundo girar.
    O amor não carece de papel, carece de alma e de coração.
    Gostei do texto, faz-nos pensar e refletir, sobre o nosso papel a desempenhar.
    Boa semana.

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    1. Às vezes o amor é um valor instável. Tem dias que fecha no vermelho. :)

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  3. Devíamos investir mais no amor, talvez assim o valor da vida subisse.

    Gostei muito do sue texto, Impontual

    Beijinho

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  4. Impontual, gosto particularmente deste teu texto porque me leva a reflectir. Até foi por isso que ainda não tinha escrito. Fiquei a pensar.
    Sim, por um lado creio haver um certo pessimismo associado à vida, ao mesmo tempo que há uma tendência para nunca se estar contente com o nível da fasquia e por isso se tente elevá-la.
    A expectativa, à semelhança do medo, pode funcionar como fuga para a frente ou levar a perder tudo. Algures - no meio? - haverá um ponto que permite agarrar uma linha de conforto na zona de desconforto. Um trabalho para a vida, com oscilações, tal como a bolsa de valores.
    No amor, como na vida em geral, a serenidade e o frenesim convivem sempre bem?

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    1. No amor como na vida, a expectativa, sendo o presente do futuro, obriga a que, no mínimo, nos bastemos, sob pena de nos desvalorizarmos. O amor é uma invenção esgotante.

      Abraço, Isabel.

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  5. Sinceramente? Acredito já muito pouco no amor. Acho-o fraco, dependente, frágil, desgastado, ilusório, construído na nossa imaginação e quase sempre aquém das expectativas.

    Acredito em momentos. Acredito em pessoas. No amor nhaaaaa.

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