quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Sabem?

Aquelas pessoas com um repertório de tristezas que não se percebe ao certo de onde vêm, mas que não chegam a atingi-los completamente? Que viveram uma história de fazer chorar as pedras da calçada, mas que se recusam a enterra-la e que em vez de a guardar decentemente para si próprios, a utilizam a vida inteira para se armarem de coitadinhos, para que os tratem de maneira diferente e especial? Sabem? São os sobreviventes. É o que há mais no mundo.

Ou, então, é como diz Nick Cave: “há muito mais paraíso no inferno do que aquilo que nos tinham dito”.

20 comentários:

  1. Não podemos acreditar em tudo o que nos dizem.
    :)

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    1. Não podemos viver sempre nesse impulso natural de duvidar de tudo e de todos. Mas...

      Como vais?

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  2. Impontual, e o Nick Cave sabe bem do que fala.

    Na generalidade, temos tendência a ser bons em dar de comer às angústias. Até achamos que temos as maiores.

    Todos somos sobreviventes, mas seria bom que não o fôssemos na acepção que aqui dizes.
    A sobrevivência faz-me também do integrar bem na vida de todos os dias o que de menos bom aconteceu e acontece. Tal não serve aos coitadinhos.

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    1. É óbvio que somos todos sobreviventes desse mar imenso e revolto que é a vida e o mundo onde vivemos. No entanto tenho uma tendência, quase atroz, em rejeitar que sejamos filhos da santa esperança.

      Bom dia, Isabel.

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    2. Também acho que não somos todos filhos da santa esperança.
      Quando digo integrar bem na vida, penso também na desistência. Nalgumas situações o desistir pode ser o caminho mais equilibrado, até porque pode permitir trilhar outros.

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  3. Sei e fujo a correr. Não há pachorra :)

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  4. Tenho para mim que os verdadeiros sobreviventes recusam-se a ser catalogados de coitadinhos. Os verdadeiros sobreviventes estão para ali a sobreviver e nem sequer se lembram de fotografar as tristezas para logo de seguida publicar lá no Facebook. Ou a publicar, só publicam quando já sobreviveram com alguma dignidade. Não sei se o Facebook tem alguma tecla onde se possa "gostar" de dignidade (?)

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    1. MM, eu, coitado, gosto de fotografar em máquinas analógicas e ...não tenho Facebook.

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  5. Eu sou uma "coitadinha".Confesso!
    O último filme/documentário do Nick Cave tinha reflexões e frases espantosas.A que referiste foi daí retirada?É que não me recordo...

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    1. Til, gosto quase tanto dessa expressão como daquela de ter a faca e o queijo na mão.
      Creio que esta expressão de Nick Cave é de uma entrevista publicada no Blitz. O filme/documentário não vi ainda. Diz que é fantástico.

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  6. Caro Impontual, quem padece na vida de grande tristeza e de grande tragédia, nem tempo tem para se queixar dela...
    Agora há quem faça da cabeça de um alfinete um verdadeiro buraco negro, (haja imaginação), com argumento de tsunami em palco reduzido ao copo de água...
    E também há daqueles que tem grandes problemas, por não terem problemas. Esse gostam de se coçar, mas (in)felizmente não sofrem da patologia da Sarna.

    Meu caro, nunca acredite nos enredos que lhe chegam aos ouvidos. Preocupantes são os que permanecem ocultos no silêncio.

    Bom resto de semana.

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    1. Sandra Louçano, os meus ouvidos são poços sem fundo. :)

      Bom fim de semana.

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  7. Sou mais do povo. Tristezas não pagam dívidas.
    :)

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  8. quando essas tristezas e agonias transbordam, inundam-nos de superlativos.

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  9. eu gosto da forma como se diz inferno em ENG :)

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