segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Bruxas.

Puxou-me para si, depois empurrou-me bruscamente para cima da cama larga, deitou-me ao atravessado sobre o edredão, quis levantar-me, apertar-me nos seus braços, fazer-me sair de um mundo onde não tinha vivido para me arremessar para um mundo onde não vivia ainda; os seus lábios entreabriram os meus, conspurcaram os meus dentes, que tinha apertado, a língua demasiado carnuda assustou-me, o sexo, estranho, não se moveu - esperava ausente e recolhido. Os seus lábios passearam sobre os meus lábios: umas pétalas que me varriam de lés-a-lés. O meu coração batia demasiado alto e eu queria escutar aquela doçura, aquele adejar novo. Beija-me, pensava eu. Ela traçou um circulo à volta dos meus lábios, rodeou a agitação, colocou um beijo fresco em cada canto, largou duas notas excitantes, regressou, hibernou. Os meus olhos estavam redondos de espanto debaixo das minhas pálpebras, o ruído das ondas nas rochas era vasto demais enquanto ela continuava: descia nó após nó, por uma noite para além da noite até largar um travo de mel na minha boca que me fez saber, então, que tinha estado privado dela antes de a conhecer. Pão por Deus.

5 comentários:

  1. Conforme as zonas, Impontual.
    Cresci com pão por deus; vivo numa zona de bolinhos.
    Bruxas não quero!
    Uma boa noite sem elas :)

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  2. Bruxas não acredito mas que as há, há.

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  3. Uma bruxinha por dia, não sabe o bem que lhe fazia

    :=))

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  4. Bruxa foi quase de certeza invenção de mulher que não sabia enfeitiçar. Não acreditava em feitiço de gente, arranjou uma história para que ninguém acreditasse... ;)

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