quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Costa e Silva

É um demónio pequeno, de categoria inferior, com uma grande barriga e um rosto redondo e petulante. A maior parte do dia, esconde-se pelos cantos do seu gabinete, por vezes sentado em cima da sua trouxa, outras vezes coçando as orelhas grandes e afiladas ou metendo os dedos pequenos e grossos no nariz, mas está sempre a observar, sempre alerta. Mais de que qualquer outra coisa, aprecia aqueles erros em que nem os operacionais nem os revisores reparam e que sobrevivem no novo plano sem serem corrigidos, mas lapsos tão significativos são bem-vindos porque dificultam a obra dos homens de Deus. Ao fim da tarde, quando a luz se atenua, recolhe cuidadosamente todos os erros na sua mala e arrasta-os até ao Inferno, para aí os apresentar ao Diabo, de modo a que cada pecado possa ser registado num livro - ao lado do nome do errante responsável - para ser lido em voz alta no dia do julgamento final.

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