terça-feira, 3 de julho de 2018

Palomar

O Senhor Impontual, um indefectível do mundo em movimento, de há uns tempos a esta parte quando abre o feed do blogger não pode deixar de se questionar sobre o que é feito daquela blogosfera que engordava, fazia regimes, deixava crescer a barba, apanhava aviões para todo o lado, comprava bugigangas que lhe enchia a casa, lia livros que lhe enchia o ego, escrevia histórias que lhe enchia a vida. Que a cada episódio, o critico, salientava a violência das imagens imiscuídas nas palavras, das relações homens-mulheres, da sua misoginia, da sua misantropia. Aquela blogosfera que mostrava o cão. Aquela blogosfera em que o sangue jorrava, os golpes ferviam, a traição vencia as melhores amizades, a carnificina parecia inevitável, os corpos explodiam em mil pedaços, o mundo sofria um abalo a cada publicação. Que é feito?

Não achando resposta tão imediata como gostaria o Senhor Impontual decide que, doravante, fará como se estivesse sozinho na blogolãndia, para ver como roda o universo apenas puxado por si. O Senhor Impontual ainda acredita que entre ele e o mundo as coisas continuam a ser como são e por isso ainda esperam algo um do outro. Que a vida continuará um campo de observação infinito onde os pormenores recolhidos permitem continuar a viagem dentro de si próprio, esclarecendo horas e infelicidades, mais eficazmente que um qualquer doutor de almas sobre os seus distúrbios.


O Senhor Impontual já acolhe dentro de si uma certa sensação de acalmia. Mas é exactamente a expectativa de saborear esta calma que o torna ansioso. 

26 comentários:

  1. O Senhor Impontual é um eterno insatisfeito, é o que é.
    Ora se queixa de multidões, que não lhe deslargam a labita, ora se lamenta de falta de emoções provocadas pela ausência da freguesia.
    Não há pachorra, sabia?
    Vá, vá viajar para dentro de si próprio e veja se regressa mais ciente de que isto só rebrilha e rebola, se houver um dar e receber.
    O que cá vem o pessoal fazer?
    O Senhor Impontual nem se digna responder!
    Haja santa paciência.

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    1. O Senhor Impontual lamenta nem sempre lhe ser possível responder. Inclusive abre seriamente a hipótese de excluir a funcionalidade "comentários" na medida em que acha a não resposta o incumprimento do mais elementar respeito por quem cá vem. Outras vezes o Senhor Impontual vai para responder, mas já passou o timing e não vê interesse para nenhuma das partes numa resposta já deslocada no tempo e por inerência no conteúdo. Outras vezes ainda, o Senhor Impontual não tem resposta para o comentário por razões diversas. O Senhor impontual confessa também que vezes há em que o comentário dispensa resposta.

      O Senhor Impontual fica muito grato e admira com sinceridade quem se digna visita-lo e dizer coisas.
      Mas aquilo que o Senhor Impontual agradece, mesmo do coração, é a paciência que os seus visitantes e leitores têm para consigo.

      Aceite um abraço, caríssima Janita.

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    2. Senhor Impontual, só agora, passado o primeiro impacto em que me descabelei, a quente, reparo, com mais objectividade, que no primeiro parágrafo aborda a temática da principal razão do seu desencanto, com a desenxabida blogosfera actual, fazendo-o ponderar a hipótese de começar a falar para dentro, ou melhor, para fora, mas orgulhosamente só.

      Pois! E não é que tem razão?
      Então, que acha ser o Senhor Impontual a dar o exemplo, contando essas minudências da sua vidinha, a ver se desperta na restante vizinhança o desejo de o imitar? Tente, ao invés de bater em retirada lá para essa caverna de silêncio onde se quer ir enfiar.

      Aviso-o que vai ser difícil captar a atenção geral. O pessoal começa a dispersar pelas tão desejadas praias. Mas não custa tentar; seguir as pisadas de outros bons bloggers que escrevem pelo simples prazer de escrever e dispensam opiniões foleiras, como a minha, por exemplo.

      Garanto-lhe que virei cá ler à mesma. Mas veja, por favor, se não enrola muito a escrita em metáforas, pode ser?

      Aceito o abraço, sim senhor, e retribuo-o com o prazer.

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    3. Dar o exemplo não me parece a melhor maneira de influenciar quem quer que seja. :)

      Obrigado, Janita.

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  2. :)
    https://www.youtube.com/watch?v=ZEkmoawOih0&feature=share

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    1. Maria, não posso deixar de lhe agradecer os sempre propositados vídeos que tem enviado. Aquele do Geraldo Vandré foi qualquer coisa. Magnifico, mesmo.

      Aceita um abraço?

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    2. Obrigada, Senhor Impontual
      E se fechar a caixa de comentários? Como é que faço?
      :)
      Não faça isso.
      Não esqueça:
      "Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
      Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"

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  3. O senhor Impontual está, como dia a Janita, In'satisfeito:))

    Poema do Gil António, que, por motivos profissionais não pode visitar-vos. Esperamos que entendam...Obrigada.

    Gratidão em Chuva de Amor

    Bjos
    Votos de uma óptima Terça-Feira

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    1. O Senhor Impontual pede a Larissa o favor de entregar sinceros cumprimentos a Gil António.

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  4. Ando aqui há alguns anos e nunca encontrei essa blogosfera de que fala...às vezes há um post que provoca celeuma como uma tal mala de luxo há uns anos atrás...mas pouco mais. Não será então um mito isso da blogosfera animada, de grande debate e lutas aguerridas? A única diferença que vejo é que há uns anos as pessoas após algum tempo de interacção pensavam logo em encontrar-se, fazer uns encontros de blogues ou qualquer coisa do tipo...enquanto agora incluem os consideram apenas como amigos "blogosféricos". De resto estamos a chegar ao Verão, todos desertaremos aos poucos, é saudável. Deixe-se estar por aqui, aprecie a calma e não feche a caixa de comentários, os blogues que falam sozinhos são sempre, quanto a mim, mais pobres, mesmo que possam ser muito belos.
    ~CC~

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  5. Quando leio posts com considerações sobre blogosfera que perdeu encanto, que já não é o que era, que já não é tão animada, etc., assim como quando leio posts (não é agora o caso) sobre regras a seguir para se ter um blogue interessante e popular (na verdade, não gosto desses posts), dou um desconto grande. Desconto no sentido de pensar que uma parte do desencanto muito provavelmente deve-se ao autor das palavras não encontrar novidade porque já se habituou ao estado das coisas, a como são os blogues que segue, e não tanto pelo facto de esses mesmos blogues terem baixado de nível.

    O impontual refere a hipótese de vir a encerrar a caixa de comentários e refere alguns aspectos quanto a responder aos comentários...
    O que penso hoje é que mais facilmente encerro blogue (deixo de publicar, por exemplo) do que fecho caixa de comentários. A possibilidade de comentar é para mim mais compatível com a 'linguagem' dos blogues e gosto disso, dessa possibilidade. Daí ser raro ler blogues que não têm caixa de comentários. A minha tendência é para ir diminuindo a leitura dos que passam a ter essa característica. Até porque, por princípio, não gosto de fazer comentários através do mail e isso tornou-se especialmente claro para mim desde que tenho blogue. São dois planos diferentes: escrita no mail é pessoal; escrita no blogue é pública. Ter noção disto faz muita diferença.

    Também entendo que um comentário pode e deve ter resposta, nem que seja dizer que não se sabe o que dizer em relação ao que nos chegou, agradecer ou precisamente dizer-se o tempo passado para dar resposta acabou por retirar-lhe o sentido caso tivesse sido feito mais cedo.

    Que seja um dia bom!

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  6. CC e Isabel Pires permitam-me que me dirija a ambas numa mesma resposta.
    Falemos então mais a sério sobre isto dos blogs. E digo falar mais a sério, porque este tipo de posts: "Palomar", dentro do seu cariz contraditório decorrente da sua estrutura: nota introdutória (indagação,divagação) /conclusão (ajuste pessoal) têm tendência a confundir primeiro na forma e depois no conteúdo. O Senhor Impontual é um homem que gosta de falar sozinho. Por vezes passa horas, bamboleando, pendurado no arame do contraditório, a dizer coisas a si próprio.
    Por isso o facto de a blogosfera estar animada ou não e a sua natural sazonalidade pouco interessa, na medida em que em primeira analise o que me transporta para dentro da própria blogosfera é este antro meu, onde venho dizer-me coisas. Dizer-me o que me dá na telha, quando me dá na telha e dentro do estilo que a telha me dá. Tenho sempre coisas para me dizer. Digo-me coisas e presto-me ao desplante (às vezes devia pedir desculpa às pessoas) de as deixar à consideração dos outros. É por isso, e aliado ao facto de por vezes ter que deixar quem comenta sem resposta, que às vezes penso que não devia ter caixa de comentários Repare que nem sequer têm moderação.
    Já quanto aos outros -aqueles que eu gosto de ler e seguir como é o caso da CC e da Isabel, no fundo é a mesma coisa, às vezes fico a divagar sobre aquilo que estão a dizer-se, outras fico a navegar no facto de não terem nada para dizer-se, outras ainda quedo-me, afirmativo, nos seus silêncios. É esta a universalidade da blogosfera. É esta a beleza da blogosfera. É isto que me move na blogosfera. Poder dizer-me, poder “ouvir” os outros dizerem-se. Nem sempre nos dizemos como gostaríamos, nem sempre “ouvimos” os outros dizerem-se como eles desejariam.

    (Se prefiro ter a possibilidade, se me aprouver, de poder dizer coisas sobre as coisas que os outros dizem? Sim, claramente.
    Se acho que os comentário devem ter resposta? Sim, Claramente. Embora nem sempre consiga cumprir com esse desiderato.)

    Um abraço a ambas.

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  7. Bom tarde impontual.
    Isto é uma aldeia!
    Mas tal como numa aldeia com vários habitantes as pessoas não são todas iguais e nem têm de ser cópias umas das outras [nem na aldeia nem na cidade nem em lugar algum - sou pela diversidade] - isto para dizer o seguinte, e pego ali num excerto do comentário da CC;
    "A única diferença que vejo é que há uns anos as pessoas após algum tempo de interacção pensavam logo em encontrar-se, fazer uns encontros de blogues ou qualquer coisa do tipo..." - Tenho a dizer que desconheço esta parte da blogosfera! - e tive um blogue de portas abertas desde Novembro de 2009 até Novembro de 2016 - Nunca marquei jantares/almoços ou o simples cafezinho com ninguém da blogosfera. Isto talvez porque nos blogues chamados de babyblogs não ser prática habitual.
    Quanto ao tema "comentários", penso que deverá ficar ao critério do(a) autor(a) do blogue.

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    1. Boa tarde Té.
      A aldeia e os seus gregários é uma constatação de sempre. Penso que se o instinto gregário faz com que as pessoas se sintam compelidas a estarem umas com as outras, formando grupos de mútua influência, é natural que marquem cafezinhos, almoços e jantares. Mas não posso deixar de lhe dizer há nisso um paradoxo quase imperceptível, porque embora as semelhanças e identificações mútuas proporcionem sempre uma sensação de segurança já as diferenciações, que por sua vez também são naturais entre os gregários, desafiam a busca de novidade, fomentam o progresso, o passo em frente e, como sabemos nem sempre esta acção proporciona momentos absolutamente agradáveis 
      Obrigado por ter vindo, Té.

      Aceita um abraço?

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    2. São realidades diferentes!...e isso explica certos e determinados comportamentos na blogosfera.

      Continuação de boa semana, Impontual.
      Um abraço também para si.

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  8. Nós que já aqui andamos há 70 mil anos, sabemos que a falta de criatividade é sazonal. Passará com as primeiras chuvas do outono.
    Quanto aos comentários, sigo uma política que recomendo: respondo ao que me apetece e quando me apetece.

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    1. Recomendações de Capitã são para cumprir à risca.

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  9. Sim, também como a Cuca sou pela resposta quando apetece e podemos. Não faltava mais nada que isto fosse uma obrigação, já chega o resto. Quanto aos encontros, jantares e sei lá que mais, nada contra...sou por tudo o que faz as pessoas felizes, apenas noto que isso diminuiu. Quanto à resposta que deu à Isabel e a mim, é "pois claro, é bem pensado e melhor dito"!

    ~CC~

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    1. CC, também não tenho nada contra - nem contra nem a favor!
      A vida/opções/caminhos, que percorrem - os outros - isso é lá com eles, não me diz respeito. Só peguei no seu comentário porque também já cá ando há alguns anos, não caí aqui ontem de pará-quedas, e por: Não ser essa a blogosfera que conheço!!
      As minhas desculpas por ter opinado sobre as suas palavras.
      Dia bom, CC.

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  10. eu gosto de ler este blog e gosto muito do Sr. Palomar. pouca falta me faz uma caixa de comentários num bom blog, bem pelo contrário, cada vez mais.

    deixo um abraço.

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    1. Bendita caixa de comentários!
      Obrigado por ter vindo, estimada flor.

      (já estava a ficar preocupado)

      Outro abraço.

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    2. fiz uma pausa para me dedicar à bela e nobre arte do jejum, oficio que agora partilho com o artista! :)

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    3. qualquer um com a Monica Bellucci, se faz favor! :)

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