tag:blogger.com,1999:blog-23297564685723109352024-03-18T07:25:42.736+00:00 ImpontualImpontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.comBlogger996125tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-61285037705007122472023-12-18T17:51:00.002+00:002023-12-20T18:07:11.489+00:00Pintar Dezembro<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Já não vinha posar há mais de um ano. Hoje, de repente, apareceu-me do meio do frio. Tenho as mãos e o pés gelados... e a cabeça fugiu-me para parte incerta. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Como vou eu pintar em pormenor, e com tão pouca luz, aquele corpo maduro completamente despido? Os seus ombros redondos e tonificados? A sua penugem de pêssego? Embriagar-me no leve odor das suas axilas, captar cada um dos sinais que tem nas costas, registar os seus cabelos de um ruivo muito suave bem como aquelas nádegas que são de um branco leitoso? Tomar nota das marcas ali deixadas pelo aperto das minhas mãos, da vermelhidão e da velocidade com que a mesma desaparece? Sentir o peso e a maleabilidade inesperados do seu peito quando se deita de costas, do tom suavemente corado dos seus mamilos e da forma como reagem ao mais leve dos toques? O umbigo delicado? O glorioso contraste entre o branco de porcelana da sua pele e o negro, como tinta permanente, dos pêlos púbicos que não são nem espessos nem finos? Como hei-de guiar as suas pernas, afastando-as, para lhe explorar o interior? A sua maturidade? A cor? O pulsar? Colocar a cabeça entre as suas coxas para ter a noção da sua perfeição, sentindo o calor que daí emana como se saísse de uma fornalha intrincada? </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Como hei-de eu pinta-la, se estou gelado por dentro e por fora? E a memória me fugiu para parte incerta?</span></div></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-53457872398314880892023-11-30T17:34:00.002+00:002023-11-30T17:34:53.427+00:00In memoriam<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="332" src="https://www.youtube.com/embed/j9jbdgZidu8" width="595" youtube-src-id="j9jbdgZidu8"></iframe></div><p></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-85964654359897025572023-11-22T15:23:00.000+00:002023-11-22T15:23:02.049+00:00Pilas moles<p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Os homens estão a </span><a href="https://www.jn.pt/4544465717/25-mulheres-assassinadas-em-portugal-desde-o-inicio-do-ano/" style="font-family: arial;" target="_blank">matar as mulheres</a><span style="font-family: arial;">.</span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">Que estranha forma de impotência! </div></span><p></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-88568009338615911132023-11-15T14:23:00.000+00:002023-11-15T14:23:27.771+00:00Da noite em que eu dormi com a LK*<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Perturbado, incerto, inquiridor não cesso de respirar, de tirar proveito de uma presença fulgurante, de um corpo que se move a meu lado, como se ali estivesse o quotidiano de ambos, caminhar juntos nos bastidores das horas perdidas antes de nos enfiarmos nos de uma cidade, debaixo de uma <i><a href="https://www.youtube.com/watch?v=mLPE164XG6E" target="_blank">campânula de vidro</a></i>... debaixo de uma bátega.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Obrigado*.</span></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-89208897209524898442023-11-14T18:04:00.001+00:002023-11-14T18:05:40.925+00:00Breve apostila ao Novembro chuvoso<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Corrupção, tráfico de influência, oferta de vantagem. Indiciação. Nenhum arguido acusado. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Demitiu-se o Primeiro Ministro, cai um governo maioritário, cresce o populismo de extrema-direita, abana-se os pilares da democracia.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Não há previsão de sol para os próximos dias.</span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-6731545049714553182023-11-07T15:54:00.001+00:002023-11-07T15:54:45.727+00:00Lítio<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Se vamos a<i> venerar</i> a memória do desaparecido, ele encontra-se mais presente e terá mais poder do que o vivo. A <i>atenção</i> deve ir mais para aquele que acorda no meio da noite, convencido que ainda tem por cima todas as estrelas do céu, e de repente se sente em viagem. Não há paragem que mitigue a sede. Aquele que desperta, o que procura em primeiro lugar é o inferno. E o inferno... somos nós.</span></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-66108265209595707762023-10-24T13:47:00.002+01:002023-10-24T15:11:38.035+01:00Aline<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Saiu da cama e abriu as cortinas, entreabrindo a janela da sacada. A tempestade de Outono deixou-a gelada, mas embora a pele estivesse arrepiada de frio, gostava de estar nua. Fechou os olhos e sentiu o vento, como uma mão, acaricia-la com vigor, desde a testa, descendo pelas maçãs do rosto e pelo pescoço até à garganta e ao peito. Sentiu os mamilos endurecerem quando a temperatura caiu dentro do quarto e o vento a lambeu entre as pernas.<br /></span><span style="font-family: arial;">Depois, abriu os olhos e sentiu muitas saudades de estar em Fortaleza, ao ar livre no meio da natureza, nua sobre a areia quente, sentindo o cheiro salgado do mar a envolve-la. Enquanto caminhava pelo quarto, imaginou-se a andar pelo mar tranquilo. Sentiu o peso da nudez e, ao passar à frente do espelho, viu de relance o rabo. Tinha um belo rabo. Os homens sempre lhe haviam admirado o rabo e ela, era obrigada a reconhecer, tinha muito orgulho nele.</span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-6102721430285958592023-10-11T23:05:00.002+01:002023-10-12T10:17:58.414+01:00Breaking News<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Se por um lado, por mera cegueira ideológica, dá-se total cobertura à decapitação de bebés(!?), violação de crianças e mulheres, raptos de idosos, queimar famílias vivas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Do outro defende-se com unhas e dentes, como retaliação, terraplanar e alcatroar a Faixa de Gaza.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Oh iluminados!! </span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-17524926676489453252023-10-11T15:45:00.001+01:002023-10-11T15:45:08.812+01:00Hipócrates<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Um senhor, um homem vulgar, mais fraco que superdotado, a caminho da meia-idade, acorda cedo, à sua hora do costume. O ruído do despertador irrita-o, senta-se um instante na borda da cama, adverte que não é ninguém, ou quase ninguém; gostava das imagens do sonho interrompido que velozmente se vão apagando da memoria. Quer voltar para a cama. Mas não deve fazê-lo. Lembra-se do dia da semana, da hora. Não é uma estreia. Está há vários anos a representar a mesma personagem, embora, como nas séries de televisão, as cenas vão sofrendo algumas alterações. </span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">Hoje tem de discutir o relatório que há dias o director lhe entregou. Tentará seguir a corrente. Beija com amor e rotina a sua mulher. Quase mecanicamente, sem entrar na situação, troca umas palavras com as crianças e começa a colocar a máscara: barbeia-se, toma duche esfrega-se energicamente, não veste o roupão - já velho, que lhe ofereceu a esposa e com o qual se sente tão bem - nem as calças de ganga, mas o seu fato completo de empregado de escritório. Os do departamento de design e publicidade podem ir vestidos como lhes der na gana, mas ele não. Toma o pequeno-almoço que considera adequado. Põe os óculos que, de acordo com a moça da óptica, vincam a sua personalidade.</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">Hoje tem de estar firme para discutir o relatório e, embora com firmeza, alegre para receber o espirituoso director. Se durante esta temporada agir bem, talvez para o próximo ano lhe dêem um papel de executivo. E se tiver algum cuidado com o vestuário, mostrar-se afável e ao mesmo tempo seguro de si próprio, talvez Alice, a nova recepcionista, lhe deixe representar um papel de amante, que são os mais bonitos.</div></span><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">Já pôs a mascara, a pessoa. O duche, as fricções no corpo, as palavras trocadas com os filhos, o café desembaraçaram-no e estimularam-no. Uma vez convertido num perfeito hipócrita, lança-se à rua, ao palco. E a palavra hipócrita não contém aqui nada de pejorativo, uma vez que hipócritas chamavam os gregos aos actores. </div></span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-67999535622455868422023-10-04T09:47:00.001+01:002023-10-04T09:47:00.144+01:00Despertador<div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><span><span face=""trebuchet ms", sans-serif" style="background-color: white; text-align: justify;">Podia ter sido do género ópera, cançoneta ou peça de jazz, Händel, Piaf ou Mingus. Mas não foi. </span></span><span style="background-color: white; text-align: justify;">Foi Fausto. "Como um sonho acordado".</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white; text-align: justify;">Foi música que me entrou pela cabeça dentro, igual a uma recordação, como um veneno que se instala até suplantar o desassossego e profanar-me o espírito. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white; font-size: 15.4px; text-align: justify;">Abram-se as portas do inferno. </span></span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-16888174821774401172023-09-29T20:17:00.000+01:002023-09-29T20:17:00.158+01:00Palomar<span style="font-family: arial; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs-Ix6rIVeFLGWYZsDkShjYKBLeJwiUV3mO2rzJsfr7c63HPqKHEupuzR7JXCV0NJ12-8UFIsnyUjzMdU4RbvHCo2Eh_4phr9ecEpRYUbSk9M6gO0RIDLqsmZ5P65xuJr-mnsLwIZmuMp8OCtohP2PnPuH_jpA0vnzopDHVHQrovLpk7oRlpGbiZc1gAg/s1600/SHG%2020230928_%200123547.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs-Ix6rIVeFLGWYZsDkShjYKBLeJwiUV3mO2rzJsfr7c63HPqKHEupuzR7JXCV0NJ12-8UFIsnyUjzMdU4RbvHCo2Eh_4phr9ecEpRYUbSk9M6gO0RIDLqsmZ5P65xuJr-mnsLwIZmuMp8OCtohP2PnPuH_jpA0vnzopDHVHQrovLpk7oRlpGbiZc1gAg/w400-h300/SHG%2020230928_%200123547.jpeg" width="400"></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br></div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="text-align: justify;">De todo o movimento do Sol na esfera celeste, há um momento que o Senhor Impontual gosta de apreciar com particular delicadeza - que é aquele momento ínfimo em que o Sol diz para a Lua: vem.<br></span></span><span style="font-family: arial;"><span>O Senhor Impontual gosta de acreditar que um dia a Terra travará de súbito naquele preciso momento e por ali ficará, estática, </span>durante um instante mais alongado. <br></span><span style="font-family: arial;">Ainda não foi hoje.</span></div><div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"></div></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-32390956513838764732023-09-27T14:02:00.001+01:002023-09-27T14:09:54.500+01:00Douro<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Na encosta, subindo para nascente, onde as nuvens crescem a cada passo, paro pela segunda vez e pela segunda vez lanço um olhar demorado para o vale que, ao fundo, parece de todo abandonado, tão silencioso e imóvel está.<br /></span><span style="font-family: arial;">À minha volta a luz acinzentada parece consumir o próprio ar que se respira. Bastou-me olhar para as vinhas que se estendem pela encosta até à margem do rio para sentir, como se fosse um bicho faminto sob a frescura daquele ar, o cheiro acre, saboroso, das videiras banhando-se primeiro do orvalho e depois do sol manso da manhã. Nesta altura já não se percebe se são arbustos vivos, se empedernidos por décadas e décadas de orvalhos, de chuvas, de geadas e de sol. Plantas imóveis, agarradas à terra, parecem esqueletos calcinados à espera de um vento mais forte que as arranque dali.</span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-25704141974932261342023-09-19T17:24:00.002+01:002023-09-19T17:24:52.660+01:00Questiúncula<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Quão intelectual e emocionalmente transviado é preciso uma pessoa ser para ver na <i>novela</i> Rubiales uma degeneração civilizacional que ameaça o pilar essencial da essência humana - que é ímpeto?</span></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-14893003317445956852023-09-16T14:26:00.002+01:002023-09-18T16:40:11.370+01:00Palomar<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFKI8EQWDERnQSSriOpokyfGWmEEylxC6JAmbZ86c0Iv5fd0LGhv3Ojj3oEue9GhiiHubZbh-CFoClxZl-qWEw-f4T8jzL1oqvNmx5oVCWNAwkd5fMa25g17RwAQlhhqrp84GqIuMAickECJHQFaE-gChw_oFVUuh0f_78QcODYIW0JK6-9Lnbhfbe9v8/s4000/IMG_20230911_121716.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="3000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFKI8EQWDERnQSSriOpokyfGWmEEylxC6JAmbZ86c0Iv5fd0LGhv3Ojj3oEue9GhiiHubZbh-CFoClxZl-qWEw-f4T8jzL1oqvNmx5oVCWNAwkd5fMa25g17RwAQlhhqrp84GqIuMAickECJHQFaE-gChw_oFVUuh0f_78QcODYIW0JK6-9Lnbhfbe9v8/s320/IMG_20230911_121716.jpg" width="240" /></a></div><p></p><div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Nesta manhã de meio de Setembro com céu incerto, o Senhor Impontual veio até ao observatório.</span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">A apreciação unilateral é sempre ruinosa.</div><div style="text-align: justify;">A imperfeição completa e a perfeição integral não coabitam o mesmo ponto de mira.</div></span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-18932138205543552352023-09-13T16:13:00.001+01:002023-09-13T16:13:56.484+01:00Aposto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhzuE5feoXHrpS4GsSyEb_d-nfNAc8BBH8PoJp-l57A2Scq3x7HfwCaVNqkvpErqCX4DZGpQn-Z6L__SLNd-bZKvrIp18IIXNyyaypcIQKafw8unqzNO_iXQHzzz0MppVH80vqKNhrulWC0SDlsAjS_w-IaGZlsm1MFQAlWQoHn9JTop9tnkK_Xh2Y7So/s4000/IMG_20230913_134206.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="2158" data-original-width="4000" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhzuE5feoXHrpS4GsSyEb_d-nfNAc8BBH8PoJp-l57A2Scq3x7HfwCaVNqkvpErqCX4DZGpQn-Z6L__SLNd-bZKvrIp18IIXNyyaypcIQKafw8unqzNO_iXQHzzz0MppVH80vqKNhrulWC0SDlsAjS_w-IaGZlsm1MFQAlWQoHn9JTop9tnkK_Xh2Y7So/w400-h216/IMG_20230913_134206.jpg" width="400"></a></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Aposto que também tu és uma teimosa e que gostas de escolher o teu caminho, que preferes falhar sendo tu do que acertar sem que o resultado venha de ti, das tuas premências, dos teus anseios, da tua profunda inquietação, da tua loucura também. Aposto.</span></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-59897327840065011312023-09-11T16:45:00.001+01:002023-09-11T16:45:03.074+01:00 Acontece sempre nos primeiros dias de Setembro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7Qg9LHf0ya-MQeP0dzPdRqDwUa-hGfBgzPKRYnDbae9mYFvdAaq8VuoL92SyE2dt1V4T3_8PPV62GPPfzR8N4JkEPgcvWkMU97HcrxBq1oUD1OvTuXMvtJwYPX8wZXF1tqUigGvOV4754FOPejpqc0P6ySz8qXYNvLLOzKCv6MCIwarYufSXbU5HNutI/s857/IMG_20230911_133536.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="471" data-original-width="857" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7Qg9LHf0ya-MQeP0dzPdRqDwUa-hGfBgzPKRYnDbae9mYFvdAaq8VuoL92SyE2dt1V4T3_8PPV62GPPfzR8N4JkEPgcvWkMU97HcrxBq1oUD1OvTuXMvtJwYPX8wZXF1tqUigGvOV4754FOPejpqc0P6ySz8qXYNvLLOzKCv6MCIwarYufSXbU5HNutI/w400-h220/IMG_20230911_133536.jpg" width="400" /></a></div><p>Começa com um fervilhar de rins ao inicio da tarde, uma substância amorfa que se instala nas entranhas como um incómodo parasita, um veneno adocicado que tem a cor opaca do vazio e a espessura remota da névoa, um desejo inconsciente que embriaga a lucidez, uma chama, um acorde indefinido, uma sonolência mais pesada, a repulsa e simultaneamente a fascinação.</p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-91333516342969663822023-08-07T15:04:00.001+01:002023-08-07T18:12:11.482+01:00Bosquejo da Jornada<p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Findas as jornadas, um forte viva ao Papa Francisco. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Eu, ateu, me confesso: gosto da sua atitude agregadora, do seu radicalismo ideológico, da sua posição de ruptura dentro da própria instituição. Todo o estado de graça que se viveu em Portugal nos últimos quatro dias deve-se exclusivamente a Francisco e não à Santa Madre Igreja. </span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">Por cá, a Sotaina retrograda, abusadora e impune continuará em funções. Deus queira que Deus exista, porque se não existir, não sei o que há-de ser desta juventude afogada no seu catolicismo herdado e meramente cultural.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas...ainda assim... "não tenham medo".</div></span><p></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-81414503864155033582023-07-26T19:09:00.000+01:002023-07-26T19:09:08.451+01:00Adosinda<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Barcelona. Ramblas. Quarto 600. Sexto piso. Adosinda já entrou. Antigamente devia fazer parte do sótão do prédio. Tem o tecto inclinado. O ambiente é de um luxo acolhedor. As paredes, os cortinados e até o edredão da cama são de um branco muito espesso. Adosinda está numa nuvem.</span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">À direita há um quadro cinzento, uma aguarela do jardim e da fachada do hotel que lhe recorda o efeito do seu primeiro ataque de ansiedade: a tinta diluída. </div><div style="text-align: justify;">Em cima da mesa do pequeno almoço está um livro "Universo Dali". À esquerda há uma escrivaninha com um prospecto " Museu Picasso". E claro, há as janelas. Foi por isso que veio. Duas janelas discretas que dão para uma varanda de balaustrada muito baixa e perigosa. </div><div style="text-align: justify;">Ao fundo está o mar. Manso. Esverdeado. O ar está abafado. A luz, azulada, fraca, deixa antever a chegada da noite. Apagou as luzes do interior, abriu um pouco as cortinas e aproximou um cadeirão da varanda já iluminada por dois apliques na parede com uma luz difusa, morna.</div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Demorou cerca de vinte minutos a sair. Tem o cabelo molhado, acabou de tomar banho. Tem uma blusa de seda com renda que parece uma camisa de dormir e que lhe dá um ar de repouso sedutor. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Distendeu-se na poltrona. </span><span style="font-family: arial;">Numa cadência de movimentos suaves e lentos, afaga o peito, sente a tristeza na sua pele branca, alguma excitação, o seu próprio cheiro, o suor e os sons interiores. A alma a perder as rédeas. O lume dentro de si. Um lume brando, mas em que não se podia tocar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Adosinda nasceu para tocar, não para ser tocada. Para observar, não para ser observada.</span><span style="font-family: arial;"> </span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-77758720248589907022023-07-24T12:57:00.000+01:002023-07-24T12:57:06.765+01:00Projecto de Alvenaria<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Ó bom-gosto dos homens, quem seria capaz de te fundar sobre o raciocínio? Quem ousaria usar-te somente conforme os princípios da lógica? Tu existes e não existes. Tu és e não és. Partes sempre de matéria díspar.<br /></span><span style="font-family: arial;">Não queiras inventar um palácio onde tudo seja perfeito. O bom-gosto é virtude de curador de museu. Se fores a desprezar o mau-gosto, não terás nem pintura, nem dança, nem palácio, nem jardins... nem salário.</span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-37862555145622468532023-07-13T14:12:00.001+01:002023-07-13T14:12:39.795+01:00Rui Rio<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> É odiosa até mais não se poder a ironia, que não faz parte do homem, mas sim do cancro.</span></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-13387403804556656242023-07-13T10:40:00.002+01:002023-07-13T11:26:37.377+01:00Morreste-me<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Morreu-me o<u> </u></span><i><u><a href="https://oimpontual.blogspot.com/2018/09/alinhamento-dos-astros.html" style="font-family: arial;" target="_blank">Prémio Nobel da Literatura 2018</a><span style="font-family: arial;">.</span></u></i></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">Fiquei insustentavelmente mais pobre, apesar de toda a<u><i> <a href="https://oimpontual.blogspot.com/2018/09/oprobrio.html" target="_blank">riqueza</a> </i></u>que me deixou.</div></span>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-26706566058532938852023-07-12T11:30:00.001+01:002023-07-12T11:30:27.156+01:00O outro<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Usam um léxico especial, feito de carinhos e palavras imbuídas de brandas melodias, gestos e hábitos muito próprios a conotar a relação proibida, rituais imperceptíveis que, certamente, precedem calorosos encontros carnais, uma espécie de sociedade secreta onde não entra quem quer que seja. Um dia chegará o latido repentino, a sensação que jaz silenciosa, o choque emocional, a queda da pedra basilar - a consciência da condição. Ainda haverão de tentar fazer tábua rasa, alienar-se, ou escapar à angústia que trazem dentro de si, afundarem-se, desaparecer, desligar todos os sentidos para não perceberem aquilo que vão apreendendo, ou que receiam apreender, no ambiente circundante, adormecer para só despertar quando o pesadelo da perda já se tiver desvanecido. Mas o cálice amargo da culpa não admitirá meias medidas e será esvaziado até ao fundo, transformando "templos" de amor em "infernos" de má consciência.</span></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-15005135138363027312023-07-06T19:11:00.000+01:002023-07-06T19:11:13.691+01:00Moscatel quente<p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">É que não foram assim tão poucas como isso as vezes que o Senhor Impontual viu o virtuosismo enganar as pessoas. O Senhor Impontual, que tenta governar-se por si próprio, aprendeu a sondar a profundidade dos corações virtuosos, para só ao objecto digno de estima dispensar a sua admiração. Mais não faz do que negar essa veleidade às feridas de exibição que empolgam algumas almas virtuosas. Assim como também a nega aos labiosos, e além disso aos muito labiosos.</span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">E o Senhor Impontual sabe muito bem porquê.</div></span><p></p>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-78317269853697092772023-06-30T14:36:00.001+01:002023-06-30T14:36:55.833+01:00Alípio<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Chama-se Alípio. Tem cinquenta e três anos, uma idade embaraçosa que hesita entre duas perspectivas da existência, dois mundos contraditórios. Os traços do seu rosto ganham todos os dias mais uma delgada camada de idade. Consume regularmente fosfato de disopiramida, cloridrato de propanolol e, como toda a gente, deixou de fumar. Vive sozinho, janta sozinho, envelhece sozinho, embora se esforce por manter o contacto com os seus dois filhos e o seu neto.</span><span style="font-family: arial;"> De resto, o tempo encarregar-se-á de piorar o que já estava ruim. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Ainda bem que é um dia de cada vez. Com este calor, dois... Alípio não aguentaria</span>. </div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2329756468572310935.post-91745021987437221012023-06-28T14:03:00.001+01:002023-06-28T14:03:55.744+01:00Questiúncula <div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Aquilo que a Senhora Loira que usa aqueles vestidos, sapatos e malas caras queria dizer lá naquilo de Sintra, era que o aumento da inflação ocorreu por causa dos lucros astronómicos das empresas, mas que os salários não podem acompanhar a inflação, caso contrário as empresas vão aumentar ainda mais os preços para manter as margens dos lucros que levaram ao início da inflação. Foi isso, não foi? </span></div>Impontualhttp://www.blogger.com/profile/01806910235459462392noreply@blogger.com2