quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O estranho caso de Tagik, o berbere contador de estórias

... embora abalado pela maldição lançada pela múmia de Tutankharun, ainda assim, a chegada do rei ao novo mundo foi como sair de uma festa de jardim para entrar directamente numa tenda de circo: luzes a faiscar, música tonitroante, multidões azafamadas e mal vestidas e o cheiro a bebidas baratas por toda a parte. Deteve-se uns instantes, ligeiramente estonteado, depois desandou pelo boulevard. Um imenso sexorama, peep-shows, cinemas porno, supermercados eróticos, montras a regurgitar de fotos e vídeos de sexo, bonecas insufláveis, roupas interiores eróticas, engenhocas em couro ou em latex para todos os orifícios, e ainda três ou quatro pífios salões de jogos, um ou dois estúdios esquálidos de tatuagens artísticas e naturalmente uma ou outra casa de fast food. Perdido na distância do trânsito engarrafado, viu mais e mais templos do orgasmo cada um mais abnegado do que o outro. Não lhe pareceu, todavia, que esses simples templos votados ao prazer, fossem mais foleiros ou desinteressantes que as banalissimas salas dedicadas à maneira de vestir e alimentar (a sashimi e bagas de goji!) o corpo que pululavam por ruas muito mais salubres.

5 comentários:

  1. Um rei perdido nos templos da carne... :))

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  2. Respostas
    1. Um verdadeiro rei não podia deixar de visitar este mundo onírico.

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  3. E às vezes, o mundo assim parece... uma enorme tenda de circo... pelo menos, no limite, temos o aconchego do sarcófago... e toda a eternidade... para tentar compreendê-lo...
    Bjs
    Ana

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