O momento é sempre o mesmo e sempre novo, um instinto forte que anula a memória. Permanecer imóvel no instante, mesmo no coração do corpo, o lugar do princípio e do fim, agarrá-lo ali, a destempo, movermo-nos suavemente em toda a calma da carne, degustar de novo aquele instante trémulo, suste-lo, conhece-lo, saborear e deixá-lo soltar-se, o passarinho que retemos, o seu coração martelando na concha da mão, lançado livre para o ar. A morte há-de chegar da mesma forma, a tensão abandonando o corpo, em dor e não nesta doçura, mas uma última vez, o círculo que se completa, sem nunca ter de voltar atrás para agarrar o momento fugidio que é sempre igual, sempre em voo.
que bonito, Impontual.
ResponderEliminarUm voo trémulo e sempre de uma doçura extrema.
ResponderEliminarBeijos, Impontual :)
Mesmo no ciclo das marés
ResponderEliminardiferentes as águas
não param de mover-se
E vale a pena trocar toda uma vida, por um instante assim...
ResponderEliminarPois quem nunca amou... já nasceu morto... e em vida... apenas respira...
Belíssimo e inspirado texto!
Bjs
Ana
destempero e calma. dois contrários tão necessários.
ResponderEliminarboa semana, Impontual.