Diz-me, sem hesitar, que o casamento é a forma mais difícil de se viver com outra pessoa. Faz desaparecer os enigmas da relação, junta aquilo que talvez nunca devesse juntar, compartilha coisas que não deveriam ser compartilhadas, vai emudecendo subtilmente os cônjuges porque as palavras vão perdendo o seu antigo brilho, o que anteriormente parecia uma ideia original acaba por parecer uma ideia mil vezes repetida, mais que sabida, velha, com o passar dos anos as pessoas começam a não se ver e já não se aborrecem, mas também não provocam fúrias entre si, nem paixões, nem há motivos para reconciliações. Já não há despedidas do lado de fora da porta, nem partidas de madrugada, nem beijos furtivos nas escadas. Deixa de haver ruas por onde se deambula à noite, a sonhar. Do casamento em diante os beijos tornam-se cada vez mais conhecidos e menos húmidos e aquilo que vem depois da noite é mais do mesmo do dia de ontem, acaba o amor louco, romântico, mágico e começa a rotina do papel higiénico e do pagamento das contas e faz-se sexo a pensar no que se há-de comprar para o almoço do dia seguinte porque o marido tem o colesterol alto e não come isto e aquilo...
Senti uma espécie de pânico. Borges é que tinha tinha razão. "O casamento é um destino demasiado pobre para uma mulher".
Senti uma espécie de pânico. Borges é que tinha tinha razão. "O casamento é um destino demasiado pobre para uma mulher".
Não sei como é que o Sr. Impontual se presta a fazer um ataque destes a essa grande instituição que é o casamento!
ResponderEliminarAtaque!?
EliminarHoje sou a primeira a sua amiga Janita deve andar na folia. Espero que não se tenham zangado.
ResponderEliminarOra pois, Mister Impontual, dessa converseta toda do Mister Borges está bom de ver que o grande beneficiário do contrato é o homem �� e a mundanidade bafienta.
As coisas estão a mudar aos poucachinhos mas estão para eles e para elas.
Um resto de uma boa tarde, Mister Importante
��
A Maria ainda crê nessa ideia de que as pessoas dos blogs se zangam umas com as outras?
Eliminar"A vasta noite não é agora outra coisa se não fragrância".
Nada disso, apenas uma provocaçaozita
Eliminar:)
A Maria é uma verruma. Portanto, gosta de verrumar. :)
EliminarEu diria que gosto mais de escalar mas aceito essa porque para escalar é preciso furar a rocha com os espigões
Eliminar:)
Mas sabe que escalar montanhas difíceis requer um ritmo lento, pelo menos de inicio? :)
EliminarTem razão, Mister Impontual
EliminarEu é que já ultrapassou o "plutão" há algum tempo. Sorry 😉
Nada disso, cara Maria. Jamais me zangaria com alguém cuja escrita aprecio, e muito. É que quando me zango, abandono de vez o terreiro.
ResponderEliminarVou sempre passando por aqui, porém, não me pronuncio quando tudo o que eu tiver para dizer já tenha sido dito. :)
Quanto ao tema presente, desta vez vou dar razão a Borges e, concomitantemente, ficar de acordo com o Senhor Impontual, creio. :)
Talvez por ser o casamento "...um destino demasiado pobre para uma mulher" é que, hoje em dia, as mulheres preferem namorar....
Saudações amistosas, para ambos. :)
A Janita ainda é do tempo em que se emprestava o coração a termo incerto? :)
EliminarAbraço amistoso.
/\
EliminarApenas é só uma picardia para desanuviar
')
É se não ler bem as letras minúsculas do contrato[risos]
ResponderEliminarBeijos do Olimpo
Malo periculosam libertatem quam quietum servitium.
EliminarVos commissuros, Impontual?!
Eliminarsimples, casa a cada santo António
ResponderEliminarLuís, a palavra casadoiro é admirável. Quiçá o pináculo da criação. :)
EliminarMoi, uma divorciada, nada tenho contra o casamento, é um acordo como tantos outros: honrar a outra arte, assinar por baixo, etc.
ResponderEliminarQuando uma das partes - ou ambas - não se sente honrada, tem o direito e o dever de o esclarecer. Se o diálogo não existir, finito. Life goes on!
O Borges terá cometido ali, naquela afirmação, algo contra si próprio, talvez por sentir que a (literalmente) cegueira, obrigara Kodama a um vínculo com excesso de esforço. Creio que se enganou, pois até após a sua morte ela tratou do legado dele com uma ferocidade impressionante (as opiniões dividem-se, eu não quero saber).
Continuo a acreditar que o casamento (c/s papelinhos, mas parece-me que este postal versa mais sobre o com papelinhos) pode perfeitamente passar por transformações/mutações mais saborosas ainda do que o enlevo físico dos primeiros anos de relação.
Basta que cada pesssoa se conheça, tenha crescido emocional e intelectualmente para que a relação seja, de facto, ainda melhor.
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For the record: conheço vários casos, alguns, entre pessoas nos sessenta e muitos anos, que nem precisaram de celebrar bodas para que entre si a máxima harmonia, intercalada daquilo que é humano, animal, provocando pequenas dissensões, não tenha ameaçado o equilíbrio conquistado :)
Alexandra, obrigado por ter vindo deixar tão rico depoimento/dissertação sobre a matéria.
Eliminar( é de referir que a afirmação de Borges não é pejorativa para as mulheres, antes pelo contrário)
Borges estava errado... Acho que os destinos pobres são destinados apenas ao espíritos pobres.
ResponderEliminarNão creio que Borges estivesse errado. À partida todos os destinos são ricos.
Eliminar:*
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