quinta-feira, 15 de abril de 2021

Estilo D. Maria

Acordou deitada de bruços, nua, sobre o lado direito da cama de cabeceira estofada com moldura entalhada. Ele contemplou-lhe demoradamente o corpo, afagou-lhe o pescoço, as espáduas, o dorso, as nádegas, soergueu-se e beijou-a com minúcia. Ela, gemendo baixinho, contorceu-se de maneira quase imperceptivel. Percorreu-lhe o corpo, depois, com o sexo erecto, passou-o pela palpebras cerradas, pelas faces, pelo nariz e introduziu-o na boca entreaberta da rapariga, que o chupou, mantendo, a seguir, os lábios grossos e quentes na glande, sobre a qual moveu a ponta da lingua. Os movimentos de ambos eram suaves, harmoniosos, ritmicos, as respirações pausadas. Quando retirou o sexo da boca dela, no orificio brilhava uma gota de sémen. Entreabriu-lhe as nádegas rijas, colocou o sexo à entrada e enterrou-o. A rapariga gritou, agitou o corpo como se quisesse repeti-lo, depois aquietou-se, enquanto pensava que cada cama é uma história de suspiros. Ali encontram-se todos os suspiros que lançamos: os primeiros e os ultimos, os apaixonados e os desiludidos, os excitados e os ofendidos. Juntos formam um único suspiro que, sumamente, define uma vida.

6 comentários:

  1. :)

    «Love is not the dying moan of a distant violin - it's the triumphant twang of a bedspring.»
    S. J. Perelman

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  2. Qualquer cama guarda segredos de que nem o próprio que a habitou se lembra. E os que mais a impressionam suponho eu que nem sejam os do sexo. Embora sejam os mais explorados, são prazeirosos, às vezes amorosos e o sexo vende, rende, é em tudo um gosto desde que não seja um abrutalhado desgosto. Mas se as camas falassem, muito diriam para além dele e até dele no que se não vê. Enfim, sobre a vida das camas e seus ocupantes, se poderiam escrever romances de mil folhas e não contavam tudo de nascimentos e morte, doenças e dores, escárnios e nojo, indiferenças, preocupações e insónias, problemas mil que só não as pulverizam porque não tem de ser. E o que tem de ser é muito forte.
    BFS

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    1. Pela cama passam muitos versos e nem todos são poesia.
      Importa, de vez em quando, pegar os lençóis pelas orelhas e dar uma sacudidela.

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  3. Gostaria tanto de ver a versão da mulher desta cena de sexo, tenho quase a certeza que não seria a mesma perspectiva.
    ~CC~

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    1. "A rapariga gritou, agitou o corpo como se quisesse repeti-lo, depois aquietou-se, enquanto pensava que cada cama é uma história de suspiros. Ali encontram-se todos os suspiros que lançamos: os primeiros e os últimos, os apaixonados e os desiludidos, os excitados e os ofendidos. Juntos formam um único suspiro que, sumamente, define uma vida."

      Mas admito outras perspectivas. Não existem garantias. Sob a perspectiva do sexo, nada é suficientemente seguro.

      Obrigado por ter vindo estimada CC.

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