quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Asno

Embora seja esse o motivo porque vou escrevendo este relato: porque às vezes tem laivos de alguma beleza, é elástico, é vivo e encontro por todo o lado o leitmotiv do meu deslumbramento: o vício, as loucas tentações, a reflexão ou a violência, o amor ou a indiferença, de tudo me sirvo para viver. Com excepção da malevolência, pois ela nunca me habitou. O ódio não cria, destrói. Estou acima disso. Repito, estou acima da malevolência. São o desejo, a paixão, o desprezo, a repugnância, o que anima a minha vida. Contudo reconheço, também, a força e a fecundidade da indiferença, embora, por regra, esta palavra nada signifique para quem quer que seja. Nem para mim, que às vezes me comporto como um verdadeiro asno.

4 comentários:

  1. só se for pela teimosia de manter a vida animada pelo que o deslumbra.

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  2. Indiferença, aquele estado em que nos distanciamos dos outros e muitas vezes de nós próprios. São mecanismo de defesa, Impontual. Apenas isso.
    Abraço.

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  3. Gosto muito da palavra asno e, quando a utilizo, é sempre para designar alguém que me é caro. A minha mana e os meus manos e as minhas filhas sabem-no bem :)

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  4. ...e quem não o reconhece, não merece ser levado a sério!

    :)

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