No princípio, a saudade é apenas um som delirante: um som esquecido pelo nosso coração. Ao tocar no corpo e examinar a alma, encontramos apenas as protuberâncias remanescentes da distância. A distância despojou-nos de tudo, menos de uma convicção: ainda posso parecer-me com um homem livre. Depois, com o passar do tempo, a saudade toma a forma de uma brisa cuja caricia nos vai arrebatando. Até que um dia a saudade explode e deslumbra-nos, como se entre as nossas mãos acabasse de cair uma bola de sol. Os nossos olhos, angustiados de cobardia e escuridão, ficam por um instante cegos de saudade. Então, a saudade, ar e luz dos fugitivos começa a palpitar no nosso sangue. A saudade está connosco e por isso fugimos cada vez para mais perto. Não temos pernas para mais.
Cegos, sim, ainda que vendo essa saudade que nunca se sacia.
ResponderEliminarBeijinho, caro Impontual. :)
Abraço, estimada Maria Eu.
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