É estranho como as catástrofes podem levar-nos a procurar conforto em coisas pequenas e comuns como podar a sebe do jardim, jogar à bola no relvado com o cão, ler um livro velho, andar a pé (que noite magnifica!), conversar ao telefone com um amigo sobre coisa nenhuma. No fundo são, provavelmente, as coisas pequenas e não as grandes como as rupturas sísmicas da nossa própria história pessoal ou as epifanias que nos mudam a vida, que nos mantém à tona. Sempre foi um acto delicado de equilíbrio o de lidar ao jantar com os cataclismos do dia. Temos, por um lado, os atentados, a morte, o medo, os desastres das guerras civis que grassam nos extremos do mundo, os assassinatos, já sem falar no catálogo de desgraças menores como os manifestos para reestruturação da divida publica e as bancarrotas pessoais ou colectivas, enquanto, por outro lado, há a irritação do café a pingar no sofá e do açúcar a entornar-se para cima do tapete da sala, transformando o terrorismo em novelas palpitantes e o açúcar entornado num drama absorvente, esperando assim que o mundo nos possa parecer menos fora dos eixos. Mas não está fácil. Isto está feio. Muito feio.
Muito feio e a caminho do monstruoso. Não está fácil.
ResponderEliminarBoa noite (Im)pontual
Nada fácil, noname.
EliminarBom dia, agora.
não é de hoje este meu temor, mas nunca como agora o senti tão real.
ResponderEliminarflor, o medo é nesta altura um veneno que nos corroí por dentro a todos.
EliminarTenho um nó na alma...
ResponderEliminarBeijos,Impontual :)
Parece que estamos a ficar completamente atados, Maria Eu.
EliminarAbraço
Fui educada para isto e o meu pai morreu há 23 anos (entre irmãos e primos, existe uma espécie de consenso)...há pouco que me surpreenda, acredita. O horror anunciado, contudo, não faz desvanecer o acontecido.
ResponderEliminarFacto: ninguém é educado para ficar indiferente a isto.
Eliminarestá feio e monstruoso em tanto lado, há tanto tempo.
ResponderEliminarao menos saibamos olhar para o que temos, também tanto, há tanto tempo :)
Feio, Ana, muito feio. De fora para dentro e de dentro para fora.
EliminarNo Iraque diriam é só mais um dia.
ResponderEliminarNem sabemos muito bem, outros nem querem saber do que se passa no Sudão, Chade, República Centro-Africana...
E a ONU e a NATO, deviam (mesmo) fazer alguma coisa...
Começa a ser demais para ninguém intervir.
Caro Misha, o Mundo está entretido em festas alegres e jazz.
EliminarRepare que ainda semana passada morreram 213 pessoas nem atentado no Iraque e quase ninguém do lado de cá deu conta da ocorrência...