quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Luz de Agosto (II)

Procuraram um sitio para se beijarem e, como na aldeia àquela hora a solidão era absoluta, sem outra presença que não fosse a de algumas lagartixas, sentaram-se mesmo por baixo da carvalheira grande, tendo aos seus pés as raízes e ali começaram a acariciar-se enquanto as lagartixas erguiam o pescoço. O silencio era tão profundo que os estalos dos seus lábios soavam no ar cada vez com mais força, tal como os seus arquejos e até se ouvia o ruído surdo das línguas que se procuravam absolutamente frenéticas quando sentiram uns passos que se aproximavam. Era uma mulher de meia idade, sorridente, que passeava sozinha com um ramos de flores campestres na mão.

14 comentários:

  1. Acho que os vi, talvez fosse mesmo a mulher com as flores campestres:)
    ~CC~

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    1. A propósito CC, que idade tem uma pessoa de meia-idade?

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    2. Acho que mais ou menos a minha Sr.Impontual, creio que um pouco menos que a sua...
      ~CC~

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  2. vamos fazer figas para que estivessem em Comala e a mulher de meia idade fosse mais dos muitos defuntos que a habitam, que rapidamente irá à sua vida (ou morte :)

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    1. Há um livro, magnifico, de Mercè Rodoreda - " A morte e a Primavera" em que os mortos estão metidos dentro das árvores. Relata a existência em toda a sua crueldade.

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    2. pois, magnifico, mas (quase) impossível de encontrar :)))

      obrigada pela sugestão!

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    3. Isso é fácil de resolver: ofereço-lhe o meu exemplar. Com todo o gosto.

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  3. Essa senhora que carrega flores nas mãos....chama-se amor...que vê os amantes em lugares escuros e recônditos...!!!
    Se carregasse uma foice, seria a Morte!!!

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  4. Logo a senhora tinha de aparecer por ali.... :)

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    1. Querida Tétisq. O seu à parte é magnifico.

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    2. De fazer inveja a algumas senhoras de meia idade que escondem com flores as saudades que têm do que deixaram por cumprir.
      Ou não! Também já não vou para nova...

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