sábado, 21 de dezembro de 2019

Postcrossing

A verdade é que continua a haver um ínfimo tremor naquele momento em que me aproximo da porta e toco a campainha: aquele olhar sereno, trespassado mortalmente pela nostalgia, que num reflexo de alegria me afaga a alma, um outro tempo a assumir de imediato um certo contorno, a ganhar forma, voz e vida própria. Um trecho de história continua a acontecer ali naquele instante, naquela fracção de segundo e eu sei perfeitamente qual é porque continuo a apanha-lo num voo planado vindo muito lá de trás, capto-o num movimento pendular, porque nele me deixo embalar numa tremenda, por vezes absurda, diria mesmo irracional miscelânea de doces recordações.
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Às vezes parece um mero voto circunstancial e meio chocho, mas se isso redundar em mais aproximação, mais afecto, mais felicidade, mais paz, mais solidariedade, mais qualquer coisa aí desse lado - desejo muito a todos.

Feliz Natal!

11 comentários:

  1. Caramba, que férias grandes fez!
    Está perdoado com estas boas festas, tudo de bom para si.
    ~CC~

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  2. O Sr. Impontual nunca me falha. Mas já estava a ficar assustada, confesso. :)

    Bom Natal.

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  3. 'Redundou' plenamente, sim, Impontual...
    Senti-o mais próximo, mais afectuoso e mais solidário. :)

    Feliz Natal, também para si.

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  4. Festas muito felizes, caro Impontual!
    Que o seu sapatinho tenha tudo o que houver de bom!

    Beijinhos natalícios :)

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  5. Obrigada Impontual!

    Hoje vim também trazer-te o meu CARTÃO DE BOAS FESTAS 🎄
    (por favor clica no link)

    Beijinhos Natalícios
    (^^)

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  6. Que a aproximação da porta e o tremor seja sempre (Im)pontual de boas recordações! :)
    Festas felizes!

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  7. Nesta quadra os corações amolecem, não é Impontual :)
    Festas felizes e recheadas de tudo bom
    Beijos Natalícios ;)

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  8. «Esse primeiro Natal sem o meu irmão (de quem não tivemos, durante meses, notícias senão uma vez, através de um emigrante de Braga seu conhecido que, tendo vindo de férias, nos procurara para nos dizer que ele encontrara trabalho como “voyeur de nuit” e pedia que lhe enviássemos comida e algum dinheiro) foi, por isso, triste e sem palavras. Minha mãe levantava-se de vez em quando da mesa e ia chorar longamente para a cozinha; meu pai esperava um pouco e, depois, levantava-se também e ia buscá-la, regressando ambos em silêncio.
    Minha mãe pôs o prato e os talheres de meu irmão e, quando trouxe o bacalhau e as batatas, serviu-lhos. Tudo aquilo se me afigurava patético e doentio, mas também eu chorava por dentro. A certa altura, como a cadeira vazia de meu irmão se encontrava um pouco afastada, minha mãe levantou-se para aproximá-la da mesa e, nesse momento, fingi que precisei de ir à casa de banho e deixei correr livremente as lágrimas.»

    Um lugar vazio à Mesa, de Manuel António Pina

    boas festas, sem lugares vazios à mesa, I.

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  9. Tem que resultar em alguma coisa, Mister Impontual
    https://youtu.be/0IpNGN9SzlU

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  10. Bem, o natal está quase acabar, mas desejo que se prolongue dia após dia, com mais ternura, solidariedade, paz e outras tantas coisas, para que não sintas demasiado frio quando estiveres a senti-lo. Boas festas, I. :)

    Hoje deixo-te um beijo. :)

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