segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Morrer de amor - breve dissertação

O momento é sempre o mesmo e sempre novo, um instinto forte que anula a memória. Permanecer imóvel no instante, mesmo no coração do corpo, o lugar do princípio e do fim, agarrá-lo ali, a destempo, movermo-nos suavemente em toda a calma da carne, degustar de novo aquele instante trémulo, suste-lo, conhece-lo, saborear e deixá-lo soltar-se, o passarinho que retemos, o seu coração martelando na concha da mão, lançado livre para o ar. A morte há-de chegar da mesma forma, a tensão abandonando o corpo, em dor e não nesta doçura, mas uma última vez, o círculo que se completa, sem nunca ter de voltar atrás para agarrar o momento fugidio que é sempre igual, sempre em voo.

5 comentários:

  1. Um voo trémulo e sempre de uma doçura extrema.

    Beijos, Impontual :)

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  2. Mesmo no ciclo das marés
    diferentes as águas
    não param de mover-se

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  3. E vale a pena trocar toda uma vida, por um instante assim...
    Pois quem nunca amou... já nasceu morto... e em vida... apenas respira...
    Belíssimo e inspirado texto!
    Bjs
    Ana

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  4. destempero e calma. dois contrários tão necessários.
    boa semana, Impontual.

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