quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Cidade de fora

Estamos em Dezembro, a cidade de dentro enche-se do folgo natalício e sussurra. Do lado de fora, o vento gélido, as árvores nuas, a névoa escura tudo é capaz de me excitar a pele. Deixo-me invadir pela aventura do tempo. O tempo vindouro, aquele que desculpará o tempo passado. O ar recheia-se de partículas imperceptíveis que penetram no corpo, os odores do rio e dos jardins, mini-estruturas orgânicas, a natureza a exportar os seus indícios. Salto fronteiras, encaminho-me para territórios sofredores, voo até à cabeceira das palavras, sem hora fixa, nem lugar privilegiado, onde as bocas falam e desejam revelar-se. Sou uma orelha ambulante, aberta ao rumorejo dos seres, onde os laços rompidos, a solidão e a miséria condenam ao mutismo. Pequenos enclaves onde se desenrolam sonhos e existências falhadas.

15 comentários:

  1. Ah, Impontual, que bem me soube lê-lo a esta hora tardia.
    Vou para a cama pensar nessa cidade de dentro e de fora, por vezes, tão gélida no lado de fora, como no de dentro...

    Votos de uma Boa Noite.

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  2. A cabeceira das palavras deve ser agradável .
    Bom dia Impontual

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    1. É lá onde elas saem quentes. As palavras.

      Boa noite, agora.

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  3. Bom dia. Hummmmm belo e instigante texto!

    Hoje temos:- {Meu olhar emudecido...}

    Bjos
    Boa Quinta-Feira

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  4. Maravilhoso "olhar" a Cidade de fora. Amei o texto.

    Beijo e um excelente dia.

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  5. Gostei muito da ideia de uma cidade de dentro e uma cidade de fora. Vou guarda-la e amadurece-la. Transforma-la dentro de mim, e perceber o que me diz a mim isto de haver uma cidade de fora e uma cidade de dentro.

    (este texto teria coisas para dizer, pensar , elaborar, em cada segmento de frase. Li-o 3 vezes de seguida e acho que preciso de mais 2 ou 3 leituras... ;) )

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    1. Bom dia Boop.
      Não é uma ideia, é uma realidade. Às vezes nua, outras vezes encapotada.

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    2. E entramos na questão filosófica de termos acesso à "realidade" ou apenas a ideias que temos sobre ela...
      ;)

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    3. Eu penso que, antes de tudo, temos que nos deixar instruir pela realidade. E isso só acedendo. :)

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  6. De acordo.
    Reformulo: acedemos de uma forma muito subjectiva e projectiva a uma parcela da realidade. Lêmos o real à luz da nossa própria experiência. Ou seja a "tua" realidade pode ser diferente da "minha".
    O que sentimos face ao que lêmos é nosso. O que escolhermos atender de entre todos os estímulos que recebemos é inevitavelmente destorcido pelo que sabemos previamente.
    (Pronto... é por aí...)

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