De todo o movimento do Sol na esfera celeste, há um momento que o Senhor Impontual gosta de apreciar com particular delicadeza - que é aquele momento em que o Sol diz para a Lua: vem.
O Senhor Impontual, por breves instantes, consegue colocar-se no lugar do Astro-Rei e saborear a delicia de saber-se compreendido, trespassado por um olhar inteligente que parece evitar-nos obstinadamente. Aquela observação recheada de subentendidos a dizer, sem impor, toda a sua verdade, sem que tenhamos que delinear quaisquer subtilezas. Eis o mais embriagador de todos os prazeres: ser adivinhado, observado escrupulosamente, reconstituído a partir de deduções e por fim reconhecido na sua sinuosa complexidade.
O Senhor Impontual gosta de acreditar que um dia a Terra travará de súbito naquele preciso momento e por ali ficará, estática, durante um instante mais alongado.
E o Senhor Impontual já sentiu esse prazer indizível, de ser adivinhado por alguém e reconstituído, integralmente, como se fora o Sol a chamar a Lua?
ResponderEliminarImagino que sim...:)
Que maravilha de fotografia! E claro, sem exagero, um belíssimo texto a complementá-la.
Parabéns, Impontual. Escreve coisas lindas.
Deixe que a Terra gire e viva as suas férias em beleza.
Boa noite.
Antes assim...se o Sr. Impontual gostasse de acreditar que a terra é plana seria mais preocupante.
ResponderEliminarBoa noite. Bom lusco-fusco.
Boa noite, Sr Impontual
ResponderEliminarForam aquelas estrofes do poema "Pra não dizer que não falei de flores" de Geraldo Vandré que fizeram explodir este belo texto?
Imagine-me como um balão preso nas mãos de uma criança por tão contente ter ficado.
Um abraço