sábado, 15 de agosto de 2020

Deusa


Veja-o subir a rua com o pescoço resoluto, a cabeça erguida, embora o tronco ligeiramente curvado; o movimento dos braços dessincronizado, as mãos abertas, à defesa. Vejo-a e parece uma deusa a subir a calçada. Mas, repare-se, uma deusa também altiva e sobranceira, talvez irada com o que em seu redor ocorre, a ira encoberta porém, o olhar apertado, os músculos faciais tensos e compridos, a boca desdenhosa, passos firmes cujo ruído, o silêncio circundante logo absorve. Uma deusa mas occasionatus. Limitada como eu, claro.

9 comentários:

  1. Ao invés do texto e sobretudo da imagem, digo o que mente amiga teorizou por mim, "nós não nos pertencemos".

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    1. Bom dia Bea.
      É certo que não nos pertencemos.
      Não deixa de ser certo que a liberdade plena seria não pertencermos a coisa alguma. Nem mesmo ao universo imaginativo das outras pessoas. Mas decerto não é possível.

      Como vai?

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  2. Desculpe Sr Impontual mas a fotografia é demasiado chamariva.
    Tem tudo o que queríamos ser... ilusões, somente ilusões!
    Deuses.... criamo-los....
    Como diz, é muito bem, limitados somos!
    :)

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    1. Bom dia Boop.
      Limitados e relativos. Mas sem as ilusões teríamos um capital de alegrias muito diminuto.

      (a foto apanhei-a, ocasionalmente, na parede de um prédio no centro histórico de Viana do Castelo)

      Como vai?

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    2. Vou bem muito obrigado!
      Livre qb
      Linda qb
      Louca qb
      Às vezes em luta
      Repartida - sempre....

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  3. Pelo menos nos sonhos podemos "ser", sempre!
    Bom dia, Impontual.

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    1. Boa tarde Perséfone.
      Nao posso estar mais de acordo. É inquestionavel: a noite foi feita para sonhar.

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