Aprende a dizer a palavra que enfeitiça, a arte de furtar corações vazios, a fazer olhos doces, a tornear um cumprimento. Aprende a apoderar-te de um aceno, a roubar um beijo antes de fugires encantado. Mostra o cão. Conta histórias. Recita poesia. Convoca o mundo e os seus mistérios, o sol e as estrelas, os deuses do mal e os anjos da guarda, enquanto os joelhos dos teus interlocutores tremem a cada lampejo da tua voz acariciadora. Depois, prossegue os relatos, molda o curso das histórias segundo o fervor que lês nos seus olhares. Vive em paz contigo mesmo. Dá um ar de veracidade às palavras. Apazigua a tua consciência. Deixa-te abraçar porque, além do talento de inventor de histórias, é preciso saber fazer cantar os corpos.