sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
Ainda hoje é Dia de Reis
quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Pelé
Discordo em absoluto desta imortalidade que se quer, à força, dar às coisas e às pessoas em todas as suas formas. O fim é requisito de qualquer existência. Da nossa existência, que é fugaz por definição e por necessidade. As coisas que realmente valem a pena terminam. A sua finitude é condição fundamental da sua importância e... da sua beleza.
sábado, 31 de dezembro de 2022
Resoluções de Ano Novo
Ir a Beja comer uma sericaia.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
Questiúncula
Gente empenhada no bem comum, portadores da indignação partilhada, que estais ali entre os brandos agitadores de rua e a pequena burguesia estabelecida, sofredores em silêncio, amortecedores da nação, donos dos votos oscilantes... estais preparados?
sábado, 24 de dezembro de 2022
Outra vez Natal
Um decantador, um copo de balão e um terraço voltado para o mundo onde, ainda antes da azafama natalícia, passar algum tempo sentado a ouvir o cair do dia, a agitação da chegada das aves nocturnas contra um céu cinzento, cada vez mais escuro. Uma certa solidão imposta e alguma paz é o que se precisa para reflectir. Impressões dispersas, pedaços de conversa, observações e opiniões meio formadas atravessam-me a mente, e uma sensação de tranquilo bem-estar instala-se, devolve-me a mim próprio e fico com maior consciência do prazer da própria companhia. Reclino-me na cadeira de palhinha que faz baloiço, beberico calmamente o vinho, e percebo que sou um terrível juiz de carácter que, com efeito, se vai enganando um pouco em quase tudo. Mas que, sozinho, debaixo deste cenário romanesco, esforçando-me por aceitar esta nova visão de mim mesmo que me permite entre outras liberdades nunca imaginadas, a de admitir que ainda há uma série de beijos e abraços por dar. E que isso, de entre todos os rigores das reflexões profundas, ainda é o que me sossega.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
Obelisco de Buenos Aires
sábado, 17 de dezembro de 2022
1997
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
Cristiano Ronaldo
Nos momentos de depressão, a pátria é o lugar onde somos livres de falar mal dos outros. Contudo, de vez em quando também chegam rajadas de solidariedade. Quando isso acontece, compreende-se a dor do desterro, porque fica-se a compreender o que é a pátria. A pátria é não estar sozinho. Na ascensão e na queda.
terça-feira, 6 de dezembro de 2022
Santíssima Trindade
quarta-feira, 30 de novembro de 2022
Reticências
Não conheço hipocrisia e estupidez maior que a dos que escrevem a palavra puta só com a inicial e três pontinhos. Esses moralistas imorais ficam com o pecado e sem o género. Esta é a época da decadência não só da língua, mas também do espirito. A época em que os escrivas resolveram cortar à palavra as últimas três letras. A época em que a filho-da-putice (em toda a sua abrangência) é nada mais nada menos do que um ónus que envergonha não apenas os escolhidos.
sexta-feira, 18 de novembro de 2022
Questiúncula
quinta-feira, 17 de novembro de 2022
Opinion Makers
Vim cá só para informar que estou muito feliz por não ter opinião fundamentada sobre o caso Cristiano Ronaldo ao qual não dediquei um minuto do meu tempo. E dizer ainda que devíamos todos experimentar mais vezes esta coisa tão aprazível que é não ter opinião sobre tudo e mais um par de chancas. Estou fã. Experimentem.
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
Ablepsia
A mim já não me interessa a politica. De modo geral, começo a alhear-me desta liberdade de gritos insensatos, de favores pagos, de indolências trágicas, de suficiências grotescas. Embora não deixe de me surpreender e magoar este mundo que me é dado a ver ultimamente e que os meus olhos envelhecidos quase não reconhecem.
De tudo o que tive de fazer hoje, o mais fácil foi convencer-me das razões que justificam estes tempos. Aceito-as sem grandes objecções. Acho que o faço porque não me sinto muito à vontade no papel de homem que se vê obrigado a cumprir a sua cegueira.
terça-feira, 18 de outubro de 2022
Ele aí está...
Motivando e estimulando o funcionamento zeloso de uma corte de indivíduos dedicados à cegueira da oportunidade. Ele aí está. Eles aí estão. Suspensos do olho frio e do sorriso breve daquele homem que durante trinta anos nunca se enganara e raramente tivera dúvidas e que sempre convocara Deus como sua testemunha abonatória.
Valha-nos o Senhor dos Santos Passos
sábado, 15 de outubro de 2022
Café Central
É engraçado, a partir da esplanada, observar os homens do café. À primeira vista, parece que a liberdade é passar o dia no café. Olhando com mais atenção, os homens do café parecem presos, amarrados às cadeiras onde se sentam e às mesas diante das quais bebem ou comem ou falam. Apesar de ser ainda relativamente cedo, é evidente que não falta quem beba aguardente a esta hora. Os que o fazem tão cedo bebem-na em chávenas de café, de forma que tudo se faz de acordo com as mais severas exigências da moralidade pública. Contudo, a maioria dos clientes bebe café em chávenas pequenas que fumegam ao longe, no nevoeiro, como chaminés de barcos de brincar.
As horas passam depressa nos cafés. Porém, a fisionomia deste estabelecimento não muda com a passagem das horas. Também não muda o barulho, que é sempre a mesma sucessão de sons sincronizados no volume da estridência popular. Não fosse porque, indubitavelmente, alguns homens se levantam e vão embora, podia dizer-se que a humanidade incrustada no café é apenas uma, porque é sempre a mesma.
No café os homens olham para a televisão, olham para os tanques, olham para o carros de assalto, olham para a guerra. Não há duvida que aquele aparelho de opressão lhes diz muito. Voltam a olhar para a televisão, escrevem algumas palavras no telemóvel, levantam-se e vão telefonar, regressam aos seus lugares. Continuam a beber café, numa tentativa de darem aos seus nervos o estimulo que não obtêm pelo simples facto de parecerem homens livres.
Agora, enquanto tomo o café já frio, há que reconhecer que de vez em quando, um homem passa ao largo da porta do café. No entanto, esse homem excepcional tem ar de quem vem de outro café.
Na esplanada do Café Central uma chávena de café frio, num dia nublado, custa um euro e dez cêntimos. A cusquice paga-se caro.
terça-feira, 11 de outubro de 2022
Sob(re) a sotaina
terça-feira, 4 de outubro de 2022
Altíssimo
sábado, 1 de outubro de 2022
Anexação
Não pude resistir àqueles olhos tristes, de olhar sereno, trespassando os meus. Sentir a sua voz de veludo acariciar-me por dentro e não saber o que dizer. Somente inspirar o suave perfume que exalava do seu corpo e inundava o ar ainda quente deste Outono tímido. Trouxe esse aroma gravado na memória e incrustado nas entranhas. Só receio não conseguir conservar o sabor daqueles lábios sedentos.
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
Óh Partigianos!
A civilização destes tempos, embora se refira constantemente a ideais de progresso, à razão e à liberdade, embora proclame que é iluminada pelo sublime objectivo de se libertar, sustentar e elevar-se ao seu expoente máximo, no fundo escraviza-se, engana-se, instiga-se e algema-se. Apesar do incrível desenvolvimento do pensamento, da evolução da ciência, do avanço da comunicação, da instrução e da melhoria das condições de vida, o homem parece não se sentir feliz nestas novas condições. Impede-o a alienação, o complexo de inferioridade, a frustração, a religião, o fanatismo e os banhos que toma de politica oca. Está embasbacado. É artificial. Profundamente inautêntico. Iludido, corre atrás do vento seja em Roma, em Kiev, em Moscovo, ou em qualquer outro lugar do universo. O Mundo está abafado. Precisa de uma purga. Rápido.
Oh partigianos!
quinta-feira, 22 de setembro de 2022
Eixo do mal
Esta época não é propícia ao entendimento dos mais rudimentares valores da humanidade nem à vital aceitação das soberanias e das liberdades individuais. É uma época que manifesta repetidas vezes que, em certas ocasiões, um homem que ataca outro homem é um tirano, e, em outras, é um cruzado - embora nenhuma guerra seja santa ou cavalheiresca.