Para o Senhor Impontual, que se alimenta de sensações e de verdades que troca quando o cansam, as recordações são meros acessórios. Não as exorciza quando surgem, mas não as procura. De qualquer forma, o Senhor Impontual jamais abdica do seu centro de gravidade - o tempo em progressão, o tempo fugidio.
A vivência do Senhor Impontual seria medíocre, desprezível, se lhe bastasse saber que o sol se levanta de manhã, que as aves acordam e as flores abrem. Há muito que estes instintos, só por si, se silenciaram no Senhor Impontual.
Contudo, não surpreende o Senhor Impontual que, depois de terem vivido outras horas, os homens possam retomar o quotidiano vulgar e repousante. O Senhor Impontual não teme os indícios de retrocesso, as mentiras-refrão, as falsas promessas de mudança, uma profecia demagógica ou uma revelação, mas teme, e muito, a capacidade que os homens têm de as esquecer (as horas vividas), a coragem que têm de voltar ao seu velho mar morto.
Qualquer entidade que se auto-intitule "de bem" é bastante suspeita, digo eu.
ResponderEliminarPergunta bem, Calíope. O que será uma pessoa de bem?
EliminarNão me espanta que haja gente que aproveita o facto do mundo ser um meio licencioso para tentar demagogicamente influenciar o outro. O que me espanta são os burros por influencia. "Burros"! Gosto da sonoridade desta palavra.
Como vai?
Caro Impontual, eu entendi o que vai nas entrelinhas do seu post e estou consigo, tenho muita dificuldade em seguir o raciocínio e perceber de todo quem se deixa levar por soluções fáceis sem reparar nos pés de barros. Respondendo à sua pergunta, as pessoas de bem e com a suposta superioridade moral têm quase sempre um telhado de vidro.
EliminarVou bem, obrg, mas muito preocupada com a situação em Portugal.