As coisas parecem prosseguir como se eu não estivesse aqui. O meu estado de absoluta indiferença não me assombra nem me entristece. O trabalho absorve-me. Mas o silêncio, agora, é pegajoso. Húmido. Um silêncio húmido que ninguém interrompe, como que por temor. Nem os pássaros arriscam um pio. Tombou o silêncio e o silêncio parece querer vigiar tudo e todos: os homens, as mulheres, as ruas, a sombra imponente dos prédios, os animais, as árvores, os barcos, o rio. Provavelmente, o silêncio é uma forma imperativa de esquecimento. E bem precisamos de obliterar o tempo presente. Mas ... e quando já não houver mais nada para esquecer?
"A morte e a vida morrem
ResponderEliminare sob a sua eternidade fica
só a memória do esquecimento de tudo;"
Um abraço, I.
'... também o silêncio daquele que fala se calará'
EliminarAbraco, querida Flor.
Credo... Aqui enlouquece-se de forma palradora...
ResponderEliminarNão sei como é que eles aguentam esses chuvosos amanheceres, Ana.
EliminarO esquecimento é sempre uma arte a praticar para a vida poder continuar. Demoraremos a esquecer este tempo? Não sei. Vai depender muito do que cada um viveu.
ResponderEliminar~CC~
Importa esquecer depressa. Cabe abrir espaço para o que aí vem. Que sejam tempo serenos.
EliminarHá pássaros, sim, mas, talvez imbuídos do silêncio das coisas e dos homens - sabe-se lá -, cantam mais tarde. Ou a humidade tem o efeito contrário e seca-lhes a garganta. Mas não duvide, há pássaros. Já os vi e ouvi, é saber de experiência feito.
ResponderEliminarBom dia, senhor Impontual.
Sim, Bea. Pareceu-me ver já um pombo, calado, cinzento, a rondar a tangerineira.
EliminarBoa tarde.
Olá, querido Man With a Chair!
ResponderEliminarSabes, aquilo que os teus sentidos percepcionam, é mais ou menos geral, mas, se há cousa que aprendi há muito tempo (obriguei-me, foi demasiado tempo até conseguir, mas talvez se deva a algo que transporto dentro desde muito menina, tão faladora e gargalhante :) é que existem sempre outros detalhes, e é nesses que me foco e assim vou seguindo, até parada....
Abraço grande!
Querida Alexandra.
EliminarO abraço já. Depois, sim, dizer que partilho veementemente desse seu esirito Nabokoviano dos detalhes: "acariciai os pormenores, os divinos pormenores...
Um silêncio húmido e frio...
ResponderEliminar...que se entranha nos ossos.
Não gosto disto.
Boop, não tarda choverá sol e os anjos e os arcanjos soprarão as suas trombetas celestiais.
EliminarAceita um abraço?