Numa mão o café num copo plástico, na outra um croissant do qual mordisca apenas a ponta. Retira um brinco, atende o telefone. Um par de pernas cruzadas, sapatos de couro falso trançado e meias pretas mal esticadas, passajadas. Uma imagem a preto e branco que cheira a miséria e a esforço, a pequenos esquemas e a uns euros duros de ganhar, a coração que se aperta e a sonhos que se fazem esperar. Mirou-me com um olhar agudo. Tentei sorri-lhe. Não consegui o esboço. Éramos os únicos ocupantes da carruagem.
Se fosse como nas películas a preto a branco, ela pegaria num cigarro... e tu esticarias, solícito, o braço para lho acenderes. Decerto seria ela a esboçar o tal sorriso que ficou por aparecer.
ResponderEliminarBeijinhos sem fumo
(^^)
Não teria um isqueiro à mão, certamente. :)
EliminarBeijo
talvez um sorriso fosse tudo o que ela precisasse, no momento
ResponderEliminarTalvez. Não consegui o esboço.
EliminarTalvez do sorriso nem o esboço, mas talvez da tentativa tenha resultado obra acabada e inteira - e, se notada, faz o mesmo que o não frustrado esboço ;)) E as mulheres são boas nisso, em vislumbrar tentativas frustradas, mais ainda quando as vestem com o dia...
ResponderEliminarSim, as mulheres são realmente boas.
EliminarMas...um esboço na gaveta raramente chega a obra-prima.
:)
E interessará aqui falar do que não é raro?
Eliminar;)
naaa. :)
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