quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Amplexo

Aproximámo-nos e deixámo-nos cair na cama larga, lado a lado, em silêncio. Havia algo carregado de electricidade no mais fundo do seu peito e podia senti-lo dissipar-se lentamente. Coloquei os meus lábios na sua testa, depois na sua face e a seguir, empurrando-lhe a cabeça ligeiramente para trás, percorri-lhe o pescoço com a ponta da língua. O tempo transcorria em silêncio, depois ela soltou um profundo suspiro e sussurrou:

- quanto tempo demora fazer amor?

Os lábios que pronunciavam aquelas palavras respondiam suavemente aos meus. Enquanto as minhas mãos se moviam desajeitadamente debaixo da sua roupa. Numa cadência de movimentos suaves e lentos, acariciei-lhe o peito, senti a tristeza na sua pele branca, a sua excitação, o seu cheiro, o suor e os sons. A alma a perder as rédeas. O lume dentro de si. Um lume brando, mas em que não se podia tocar.
Tomei-a nos braços. Que mais havia de fazer?

12 comentários:

  1. Sorrio sempre que leio a expressão "fazer amor".
    O amor, o sexo, acontece... Gosto de ter esta ideia presente na minha cabeça.
    Pois, podes dizer-me que o acontece já seria mais difícil de mensurar nessa "lógica" da pergunta do teu texto... Precisamente. Também por isso.
    Boa noite, Impontual!

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    1. Vejamos isto na perspectiva de um abraço. :)

      Boa tarde agora, Isabel.

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  2. O tempo que for preciso.

    Beijos, Impontual, e uma boa noite :)

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    1. Certo. Um abraço não tem medida certa.

      Boa tarde, Maria Eu.

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  3. juntar os pedaços da alma, ligá-los ao corpo, e dar-lhe vida novamente.

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  4. Tomá-la no coração.
    Bom dia, Impontual

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    1. Nos braços, Olvido, nos braços.
      Ou já se esqueceu do meu pavor ao lume? :)

      Bom tarde.

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    2. Não perguntou que mais havia de fazer?... Eu respondi.
      Não é pavor a queimar-se?... É aquela história de distinguir uns dos outros ;)

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    3. Tem razão. Fiz a pergunta depois da resposta.
      Não.Tenho mais pavor à alma a perder a rédeas.
      E depois, aquilo era só "Um lume brando, mas em que não se podia tocar." .)

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    4. A alma tem rédeas? E quem as tem nas mãos?
      E se a tomou nos braços talvez lhe pudesse tocar a alma, brandamente... :)

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  5. O tempo... sempre tão relativo... parece que voa... em tais circunstâncias...
    Deixando um amplexo...
    Ana

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