sábado, 17 de dezembro de 2016

Do clássico jantar de Natal

Era bonita. Muito bonita, mesmo. Alta, longas pernas, ombros redondos e lisos e uma pele de grão mate que convidava a beijos e outras navegações. Mas a fronte e os olhos eram perigosamente grandes. Tinha lábios de adolescente. Apenas as narinas diziam mais. O encanto do contraste, de uma surpreendente violência, entre o seu penteado de colegial e a agitação inconsciente, carnal, das suas narinas. Ficava tão bonita com o vestido púrpura. Bonita e calada. Se não compreendia, não falava, não cultivava por isso qualquer desalento ou angustia. Quando falava utilizava indubitavelmente exclamações; e os seus relatos eram demasiado técnicos para que deles me tenha apoderado; ou demasiado flutuantes para que a minha pena desajeitada consiga reproduzi-los aqui e agora. Mas a fronte e os olhos eram perigosamente grandes, asseguro.

[Já o Joel da informática, a Amélia dos recursos humanos, a Pipa do marketing e o Morais da logística...são uns pândegos.]

2 comentários:

  1. Algum entretenimento terá que se encontrar. O seu vestia púrpura e era desafiador. Sorte!

    Beijos, Impontual :)

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