"Há muito tempo que não fazia isto", disse ela quando voltou a falar. E foi tudo o que disse e disse-o numa voz segura, embora baixa. Porém, voltei a pressentir - ainda mais claramente - a brecha dentro dela; e isso evocou em mim uma ternura irreconhecível. Quando nos levantamos para irmos embora, ofereci-lhe o meu braço e ela aceitou-o, sorrindo. Depois, começamos a caminhar, deixando a praia para trás. Lembro-me nitidamente da sensação da pele dela, fresca e macia, sobre a minha. Nunca tínhamos estado em contacto por um período de tempo tão prolongado; a sensação de que o corpo dela era tão forte e no entanto pertencia a alguém tão frágil permaneceu comigo por muito tempo.
Hoje tive uma sensação estranha; senti-me em casa. Talvez isso se deva ao facto de ter vivido quase sempre uma existência transitória - mudando de dormitório para dormitório - e nunca tenha ansiado pela natureza instalada num único poiso, talvez se deva àquele terraço - um ninho de águias privado com vista para o mar, ou talvez se deva ao facto de estar uma manhã gloriosa de Fevereiro com um vento agreste do Atlântico que faz enfunar as árvores e as nuvens correr pelos céus. Fosse por que razão fosse, senti-me em casa.
Hoje tive uma sensação estranha; senti-me em casa. Talvez isso se deva ao facto de ter vivido quase sempre uma existência transitória - mudando de dormitório para dormitório - e nunca tenha ansiado pela natureza instalada num único poiso, talvez se deva àquele terraço - um ninho de águias privado com vista para o mar, ou talvez se deva ao facto de estar uma manhã gloriosa de Fevereiro com um vento agreste do Atlântico que faz enfunar as árvores e as nuvens correr pelos céus. Fosse por que razão fosse, senti-me em casa.
E isso é tão bom! Sinto-me em casa em alguns lugares que não se chamam casa como em certas praias e em certos lugares na natureza e perto de certas pessoas. Devia sentir-me em casa em certas casas que habito e às vezes não sinto. Mas sei, sei muito bem que ainda ando à procura "da casa".
ResponderEliminar~CC~
Por isso importa, e muito, ir à casa dos outros. :)
Eliminar"Senta-se ao pé do seu corpo abandonado, contempla-a. Tem os lábios entreabertos. O queixume de animal que sonha torna-se mais doce. A cabeça perfeitamente adormecida. O homem debruça-se para ela, pousa a cabeça no seu peito, escuta o gemido de criança e o bater do coração..."
ResponderEliminarChegou à minha mão por estes dias, por irónica coincidência no Dia de São Valentim. Não é o que pensava, mas ainda não terminei a leitura. Talvez porque Fevereiro seja o meu mês, ou por outro motivo que deixo à imaginação do Impontual, cada página que leio faz com que me sinta em casa. Sensação boa esta... Estas três personagens, sinto-as já como minhas companheiras, nas incessantes e lentas caminhadas ao longo da praia...
Creio que "O Mar", teria sido um título mais apropriado do que "O AMOR". :)
De que estarei eu a falar, Impontual?
Bom fim-de-semana! :)
Li há pouco tempo esse livrinho magnifico, como sabe. :)
EliminarAi,ai,ai! Um post tão bonito com este título? Então, Impontual?
ResponderEliminarNão gosta de fevereiradas, Tétisq? :)
EliminarPrefiro Janeiras.
EliminarOh!, estás naquele estado de negação esbatida, em semi/pré-apaixonado :D
ResponderEliminarQue bom, quero saber-te em alegrias :D*
Há muito que abandonei esse mecanismo primitivo de defesa que é a negação.
EliminarI'm in love, every days.