quinta-feira, 9 de maio de 2019

Da noite em que me deitei com Anaïs Nin e acordei com a Hilda Hilst

Perturbado, incerto, inquiridor não cessei de respirar, de tirar proveito de uma presença fulgurante, de um corpo que se movia a meu lado mas que insistia que o dia impediria a continuidade do êxtase, porque tudo o que se move, tudo o que flui, tudo o que passa sufoca-nos e enche-nos de angustia. 
Adormeci atolado na ideia de que não há maior erro possível do que acreditar que uma ausência é um vazio. A diferença entre os dois sentimentos é uma questão de tempo (sobre o qual eles não podem fazer nada). O vazio está antes, a ausência está depois. De vez em quando é fácil confundir os dois. Há-de ser daí que emergem alguns dos nossos desgostos.
- Ama-me na exiguidade, é tempo ainda. Ouvi, estremunhado, de uma voz vinda do lado de fora.

7 comentários:

  1. Adormeceu com um quente e dois fervendo e acordou geladamente frustrado, Impontual?
    Acontece aos melhores...

    Terna é a noite, mas amar 'exiguamente', faz emergir, ao acordar, o desgosto da solidão...

    (deixe-me também divagar, sff.)

    :)

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  2. Boa noite, Mister Impontual
    Será que foi a voz de Patti Smith que ouviu?
    😉

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  3. https://www.publico.pt/2019/05/10/culturaipsilon/entrevista/casa-intima-patti-smith-pede-revolucao-planeta-1871772?fbclid=IwAR1k8sfsZjT_GsmB0PtIr0WylXbYj-_fq1WQA25GclIYXygc3kqRkU4wMaY

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  4. Que disparates.
    Foi esta voz que o Impontual ouviu.

    Ama-me. É tempo ainda.
    Interroga-me.
    E eu te direi que o nosso tempo é agora.
    Esplêndida avidez,
    vasta ventura
    Porque é mais vasto
    o sonho que elabora.

    Há tanto tempo
    sua própria tessitura.

    Ama-me.
    Embora eu te pareça
    Demasiado intensa.
    E de aspereza.
    E transitória
    se tu me repensas.

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