sábado, 16 de novembro de 2019

Retalhos da vida no campo

Esta manhã quando o sol rompeu, do céu azul caía uma chuva miúda e transparente. Em dias como este, em que o sol e a chuva se abraçam na terra, diz-se com alegria que é para festejar o casamento dos viúvos, que o céu tem destes caprichos. Hoje, porém, um silêncio triste cobre o povoado e os rostos dos seus habitantes parecem cerrados para todo o sempre.
Quem parece não se importar muito com isso é o cão de pêlo pardo que, entretido com o vento, não pára de correr e de arfar com a língua de fora. Como se a noiva estivesse presa no horizonte. 
Está mas é um frio de rachar. 

18 comentários:

  1. do livro do frio,

    «Pássaros. Atravessam chuvas e países no erro dos ímanes e dos ventos, pássaros que voavam entre a ira e a luz.
    Voltam incompreensíveis sob leis de vertigem e de esquecimento»

    Gamoneda

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  2. Eu em criança costumava cantarolar... «está a chover e a dar sol, na casa do rouxinol...»
    E nesses tempos não me importava com o frio! 😊

    Beijinhos de cachecol
    (^^)

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  3. O instinto dos cães é muito mais apurado do que o dos humanos.
    Tenho uma forte suspeita acerca do motivo que leva Fiódor a correr desalmadamente. Não é o vento que Fiódor persegue. Mas, se o dono não o diz, eu saberei guardar o segredo.

    Bom Domingo Senhor Palomar, perdão, Senhor Impontual!

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    1. Aproveitando a gentileza que a Flor nos trouxe;

      "Ah caminhante, ah confusão de pálpebras".

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  4. A sério não entendo, estamos a mais de metade de Novembro, e queriam o quê?! Calor?! Bem dito o frio que nos congela a ponta do nariz|
    Adoro passar a mão pelo pêlo do cão, entenda-se :)

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  5. Adenda ao meu comentário:
    O título do post lembrou-me que antigamente havia uma série que se chamava " retalhos da vida de um médico" se não estou em erro.

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    1. Lembro-me perfeitamente dessa série, minha Deusa, adaptada da obra de Fernando Namora.
      Eu não perdia um único episódio... 😊 e ainda sei cantarolar o fabuloso tema do genérico da série, cantado por Carlos do Carmo.

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    2. Perfeitamente. Num grande poema de Ari dos Santos.
      Observo que as minhas Caríssimas manipulam com destreza a máquina do tempo.
      Acho espantoso esta vivência e o acumular de memórias vivas.

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    3. A idade é um posto, e tu sabes isso perfeitamente!

      Beijinhos

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    4. Passava ao domingo à tarde.
      (...)
      Cada história é um retalho
      Cortado no coração
      De um homem que no trabalho
      Reparte a vida e o pão
      (...)

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    5. Somos muito idosas... hehehehehe

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  6. Dessa série, lembro-me de uma cena de um parto. Eu era muito gaiata e fiquei super assustada :) :)

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