Às vezes penso que talvez devesse deixar de escrever. Mas as palavras continuam tão intactas. Trato-as com o cuidado ganho pelo tempo, da mesma maneira que trato as pessoas que me são próximas, familiar com os seus caprichos e vicios, os seus sonhos e desilusões. Como quando olhamos um retrato e este ganha vida, levanta o sobrolho e inquire: - Sim?
E, a medo, respondemos "não", como se as palavras se tornassem um eco das primeiras palavras, as certas. E respondemos "não" como última manifestação de liberdade.
A verdade é que se escrevesse para os outros, deleitar-me-ia a descrever tudo o que não sinto necessidade de descrever para mim. Recorreria a uma enorme paleta de cores cruas e insólitas. Escreveria com uma bonita caligrafia sobre o céu e uma sensação de azul liquido incitaria a minha mão. As palavras alinhar-se-iam, crispadas, incapazes de circunscreverem esta sensação azul que me dilata o coração. E com a mesma caneta, a caneta da ilusão, descreveria as colinas...as montanhas arrasadas e as florestas transformadas em flores, as plataformas de pedra e a brancura das ondas desvastando o areal saibroso.
__ e o sol lá em cima.
Gosto tanto de o ler quando escreve assim, com o coração, Impontual. Tanto...
ResponderEliminarEscreva ao postigo e vá espalhando as suas palavras ao vento, para que elas ganhem asas e venham aninhar-se no nosso coração também.
___e a Lua mirando tudo lá em cima.
Boa noite, Impontual.
Bom dia,Janita.
EliminarObrigado por ter vindo.
Se os leitores se sentem bem neste belo postigo, porque desdenhar dele?
ResponderEliminarBoa noite, caro Impontual 🙂
Bom dia Caríssima Maria Eu.
EliminarObrigado por continuar a vir ao postigo tomar um cafezinho de palavras desordenadas.
Talvez devesse começar essa prosa para outrem, a amostra promete. Mesmo ao postigo.
ResponderEliminarBom dia, Bea.
EliminarA verdade é que a prosa, tome a direcção que tomar, nunca é nossa.
Saúde.