Vai com calma, meu filho. Tens tempo. É preciso arejar, é preciso sair e andar pelas ruas a aprender a conhecer a vida. Não sabes nada da vida. Este mundo onde estás, que por vezes vais detestar, ainda não tem lugar para ti. Bem sei que verás gente que tem um ar tão à-vontade neste mundo onde tu não tens ainda lugar e que te questionarás como conseguem elas falar, exprimir-se, ter uma pele tão limpa, os cabelos tão bem penteados? Com que sabonete se lavam? Que livros leram? Quem as escutou? Nasceram já armadas? Enquanto tu apenas apanhas fragmentos dessa vida que elas parecem dominar com total à vontade. O lugar delas está reservado. Tu ficas ali, de pé, em equilibro, em lista de espera, lutando com os teus fragmentos em desordem. Lembra-te que é de ti próprio que virá a salvação. A tua salvação. De mais ninguém. Nunca dos outros. Não esperes nada dos outros. Vai com calma, tens tempo, mas vai.
(obrigado, mãe.)
(obrigado, mãe.)