sexta-feira, 13 de maio de 2016

Peregrinação

Para ter um qualquer sentido, uma romagem deve dar pelo menos a ilusão de se estar a transcender alguma coisa: o eu de todos os dias, por exemplo, o tempo, a dimensão da vida ou a consciência da mortalidade - e o que quer que seja que a nosso ver nos possa ser mais imperioso transcender quando chegamos ao lugar de culto. A não ser assim e para ser aquilo que acabei de ver no noticiário da televisão, estou plenamente convencido de que é um exercício absolutamente inútil, deslocado, oco e indigno de uma espécie cujo o instinto e a evolução levaram a erguer-se nas patas traseiras, mas que, perante o medo do vazio, não resistiu durante muito tempo à tentação de voltar a ajoelhar-se. "Hosana nas alturas!"

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