quinta-feira, 20 de abril de 2017

Manhã submersa

...primeiro deu-se um momento de repouso dentro dela, a glória e o espanto, o mais próximo que se podia estar, e viver, da presença da liberdade - o pássaro engaiolado no seu momento de puro descanso, antes de ser lançado na luz encadeante. Depois o corpo, quedo nesse falso embalar de luxúria, clama na brutalidade do instinto: daqui não saio, daqui não saio.
É maravilhoso estarmos deitados e banharmo-nos no corpo de outra pessoa. "Tens um corpo muito bonito", - ouvir as próprias palavras pairarem na luz da manhã, saltando flamejantes nas esferas cromadas da cabeceira da cama, fazendo ricochete nas paredes e nos tectos.

4 comentários:

  1. Meu caro
    Muito, muito bom.
    Obrigado

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  2. Uma "Manhã Submersa" muito diferente da vivida por Vergílio Ferreira...
    os 'Xutos' também a referem, com afinidade apenas no título:

    "..só mais tarde, já ao deitar
    olhou o espelho onde foi encontrar
    o amor escondido e então sorriu!"

    E eu, conhecendo ambas, prefiro mil vezes esta versão, descrita em dois simples parágrafos.

    Lindo, Impontual, lindo!!

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  3. Como correu bem esta prosa! E a manhã também, pelo que se vê.
    Impontual, então que venha agora uma tarde boa!

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  4. Haja uma e outra e ainda mais outra dessas manhãs. São para lá de felizes!

    Beijos, Impontual :)

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