É provável que todos venhamos a odiar aquilo em que nos transformamos. Ninguém é o único. Já vimos mulheres olharem para si mesmas em espelhos de restaurantes, quando os seus consortes não estavam presentes, mulheres sob o seus próprios feitiços, enquanto observavam alguém que não reconheciam. Já vimos homens retornados de outras vidas olharem furtivamente para si próprios em vitrinas de lojas, enquanto tacteavam o crânio sob a pele. Uns e outros pensaram que se livrariam do pior da juventude e que conquistariam o melhor da idade, mas o tempo acumulou-se neles, enterrando as suas esperanças antigas sob a areia. A vida relembrada na medula e não na mente. A tua e a minha história podem até ser muito diferentes, mas acabam por ir dar ao mesmo.
Aproveitei e tirei as cinzas todas da lareira.
ResponderEliminarBom dia Impontual :)
Perfeito, JI.
EliminarQuem espalha brasas também espalha cinzas.
Já estou como "o outro": A juventude é uma coisa maravilhosa. Que pena desperdiçá-la em jovens.
ResponderEliminarCerto. Mas, amadurecer também não é só morrer.
EliminarHummm Gostei:))
ResponderEliminarHoje:- Pétalas em paixão silenciosa.
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Bjos
"Feliz dia dos namorados"
Votos de uma boa Quarta-Feira.
Boa quarta-feira, Larissa.
Eliminar"A tua e a minha história podem até ser muito diferentes, mas acabam por ir dar ao mesmo."
ResponderEliminarUma frase que encerra nela, todo o drama emocional da Humanidade. Grande e triste verdade, Impontual.
Fique bem.
Obrigado, Janita. Um bom dia para si também.
EliminarMas... longe de mim traçar paradigmas emocionais da humanidade. Longe de mim.
Tão verdadeira a tua última frase como os cursos dos rios irem desaguar ao mar. No fim todos sem excecção seremos "cinza".
ResponderEliminarAgora do nascer ao morrer há quem deixe a vida passar dentro, e há quem deixe a vida passar ao lado.
Votos de um bom dia, sem cinzas de preferência :)
Abraço
É verdadeiramente insuficiente viver apenas dentro de duas estações.
Eliminar"mas acabam por ir dar ao mesmo", isso quer dizer que não acredita no inferno e tão pouco no céu? Ou o purgatório é o único tapete de cinzas que nos é oferecido quando não há mais história para contar? Ou a histórias de vida são tão diferentes umas das outras que, no fim, não há purificação alguma que salve almas? Ou é muito provável que alguns venham a odiar aquilo em que se transformaram por força de nunca se olharem ao espelho na altura em que as transformações se davam?
ResponderEliminar(sou uma mente perturbada, e entupida de interrogações, bem sei :))
Bom dia disso mesmo, senhor Impontual, de cinzas antes de serem cinzas.
MM, muito me espanta que não tenha questionado sobre a reforma interior, sobre a capacidade de adaptação, sobre a escravidão da identidade, sobre a maquilhagem social que esconde as equimoses das almas (do purgatório). Muito me espanta. :)
EliminarGrande resposta, grande resposta, é o que me apraz escrever :)
EliminarO tempo até pode enterrar esperanças na areia, mas muscula e relativiza, o que, a mim, parece uma grande vantagem.
ResponderEliminarRainha Caliope, é disso que somos justamente culpados: permitirmo-nos acreditar na esperança e que o incumprimento da mesma nos tenha tornado coriáceos.
EliminarMas não é preciso sentir culpa. Não assim de forma abstracta. (Tenho a culpa em muito má conta). Por outro lado, o híbrido recém-formulado de "coriáceo esperançoso" acabou de cair nas minhas graças. A esperança é sempre um sopro de vida, desde que usada com moderação!
ResponderEliminarSomos pó.
ResponderEliminarIrrisórios
EliminarA questão está no tempo, muito ou pouco, não interessa, e no que fazemos dele...
ResponderEliminarNo tempo e na intensidade com que o gastamos, ou que ele( o tempo) nos gastará.
EliminarNunca o caminho percorrido é o mais acertado logo que reavemos a nossa capacidade de autocrítica e nos imaginamos pelo outro que não percorremos. O percurso que não fizemos é sempre melhor, e o melhor que teríamos feito. ;)
ResponderEliminarÀs vezes fico incrédulo ao ouvir gente dizer que se pudesse voltar atrás faria tudo exactamente na mesma. :)
EliminarO destino comum. É o que temos de mais certo!
ResponderEliminarE o resto, é só o resto.
EliminarPessoalmente acho que o resto é que faz toda a diferença.
EliminarExcelente texto!! (as usual...)
ResponderEliminarBeijinho.