terça-feira, 23 de julho de 2019

Consubstanciação

Quer tranquilizar-se e não se tranquiliza. Vê espaços vazios por toda a parte e não sabe como preenche-los. Busca desesperadamente a sua espiritualidade e a única coisa que encontra é um vulgar apego à vida de merda. Isso ainda a aflige mais do que o próprio vazio. Sente que não foi aquilo que queria ser e que não fez as coisas que sonhava. Agora depara-se com a realidade de ser demasiado tarde para tudo. Não quer dizer que tivesse feito as coisas de maneira diferente, no entanto, não sabe como teria sido a sua vida aos vinte e cinco anos se alguém a tivesse avisado que aos quarenta e cinco estaria vazia. Agora tudo se reduz à escassa consciência que tem da sua vulnerabilidade e à ridícula suposição de que tinha o tempo, de que poderia ser imortal.

12 comentários:

  1. mas que falta de fé! :)

    já dizia o poeta, «sob as águias silenciosas, a imensidão carece de significado.»

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    1. Fé? Esse sentimento consubstanciado no medo?

      ( Tenho de lhe pedir desculpa pelo roubo. obrigado) :)

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  2. Ahhh se soubéssemos o futuro.... qual a graça do passado?

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  3. Hoje de manhã fui despedir-me de uma amiga cujo corpo foi "devolvido" à terra.
    Tinha 41 anos e uma vida cheia, cheia de objectivos e de afetos, nomeadamente dos seus dois filhos de 2 e 6 anos.

    Estavas a falar de quê, mesmo??

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  4. Ainda vai a tempo de preencher esse vazio, basta querer!
    Noite boa Impontual, beijo do Olimpo

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    1. Sim. É da natureza do ser humano tentar eternamente preencher o seu vazio.

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  5. O tempo devora-nos!
    Tentemos aproveitá-lo...

    Abraço, caro Impontual :)

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    1. O tempo não reconhece o seu lugar.

      Maria, posso chamá-la de Tutu? Quer ir ao cinema?

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    2. Man with a chair, I don't mind if I do! :)

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