A luz do sol da manhã fria empresta ao alpendre virado para o mundo uma atmosfera absolutamente deslumbrante. É quase nulo o ruído longínquo da civilização que aqui penetra. Ou nem penetra. É um silêncio inebriante. Enquanto o cão de pêlo pardo esgravata o relvado endurecido pela geada da manhã, o Senhor Impontual - homem que teima em rejeitar as emoções aguareladas - não deixa de cogitar que se não fosse o pavor da cova dos falhados, a estratégia da esquiva, a retractilidade perante os dias, o trabalho aturado da dupla solução, a múltipla alternativa para as situações imprevisíveis, a solução de reserva, o coeficiente de segurança, talvez todas as manhãs nascessem luminosas como a de hoje.
Concordo com toda a cogitação do Sr. Impontual, mas não posso concordar que o Sr. Impontual, que pinta os quadros que pinta e com a mestria que se lhe reconhece, seja um homem que rejeita a emoção aguarelada.
ResponderEliminarEssa da "cova dos falhados", fez-me lembrar as toupeiras...portanto, hoje acordou com uma série de rácios que carecem uma análise mais profunda.
ResponderEliminarTarde soalheira, Impontual
Sim, todas as manhãs nascem luminosas. Nós é que nem sempre correspondemos.
ResponderEliminarA cada um dia a sua manhã
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