Quando o tempo e o espaço deixaram de ser uma confusão onde os nossos corpos se moviam entrelaçados, sem atender a outras considerações que não a do seu impulso perseguindo o prazer, atirou-se para um lado e procurou a sua mala no chão. Em vez de voltar às incidências da ausência, passou-me uma cigarrilha, pegou na dela e falamos do passado não partilhado, histórias mil vezes ouvidas que sem duvida repetiríamos. Quando apagamos as cigarrilhas, apagou também a luminária da mesa-de-cabeceira, voltou-me as costas para que a abraçasse e continuamos a falar até que as palavras foram perdendo paulatinamente coerência. No momento em que não me respondeu, percebi que tinha adormecido. Desfiz o abraço, dei-lhe um beijo nas pregas que se formavam no pescoço e fiquei de barriga para cima. Olhei pela janela, mas custou-me a encontrar a lua, apenas um reflexo cavernoso num céu cada vez menos aveludado. Choveu.
Isso que disse, dito assim dessa maneira, soou-me a filme cujo título seria "Frustração", e que nem mereceu nomeação... Desculpe, Impontual!
ResponderEliminarPode ser que ao acordar, se volte para si e fale do presente. O passado já lá vai. Às vezes, demora-se a perceber isso e é uma chatice.
ResponderEliminarResto de tarde boa.