"De que te queixas, alma abandonada? Por que razão esse voo agitado em torno da casa da vida? Porque não olhas os longes que te pertencem em vez de lutar contra o que é alheio? Mais vale o pombo vivo no telhado que o pardal semi-morto que, na mão, se debate, crispado de terror.
__Franz Kafka, Antologia de páginas intimas.
Graciela Iturbide
Nem as aves nem os animais são fieis, nem correm o risco de ouvir reprimendas ou sofrerem sanções quando dormem com outros. O sol, a lua e as estrelas projectam a sua luz onde desejam, os navios não são aparelhos para permanecerem nos portos, nem as casas construídas para permanecerem trancadas. As metáforas sucedem-se em cadeia, tocando as suas buzinas como veículos todo-o-terreno num engarrafamento do centro da cidade. Um homem a queixar-se das limitações da fidelidade é uma figura tão inepta!
Quem diz um homem diz uma mulher.
a fidelidade tem que ser voluntária, senão não é fidelidade, é imposição.
ResponderEliminarnão acha, Impontual?
E sendo imposição entra-se no jogo da propriedade e... sendo propriedade entra-se no jogo dos perdedores e... sendo um perdedor fica-se ali em torno da casa da vida.
EliminarComo vai?
exactamente. por isso é que só gosto de voluntários.
Eliminarneste momento fico, não vou.
O que é ser fiel? Não dormir com outros? Amar apenas um e ninguém mais? Não pensar em mais ninguém que não aquele?
ResponderEliminarBoa tarde, Impontual :)
... é saber que o "vermelho" não é palavra una, mas que pode ser também um numero que nos permite descrever todo o espectro de cores que vai desde o rosa chã ao azul celeste, passando pelo preto, naturalmente.
Eliminar(Maria, não faça perguntas destas, por favor.)
Abraço
Olhe que sim, há animais fiéis. Pense nas cegonhas, por exemplo. :)
ResponderEliminarluisa, as cegonhas são animais graciosos.
EliminarJá os pombos - não há nada mais fiel -, mas são cinzentos.
Não trair a confiança é algo de muitíssimo importante para mim. Tento cumprir ao máximo, qualquer que seja o tipo de relação existente. Reajo muito mal quando me traem, seja de que forma for. Sei que dali para a frente as coisas não são iguais, até porque não quero.
ResponderEliminar(Atenção: trair no sentido que falo, implica ter consciência que se está a fazê-lo, embora possa não se ter percepção do impacto.)
Boa tarde, Impontual. Com um sol tímido por aqui.
«(Atenção: trair no sentido que falo, implica ter consciência que se está a fazê-lo, embora possa não se ter percepção do impacto.)»
EliminarIsabel, pior do que ser infiel é sê-lo sem o querer.
Por aqui o sol também não é de confiança. Até já se misturou com a chuva. Imagine-se.
Abraço.
Impontual, quando não se tem consciência de se estar a ultrapassar os limites que regem a confiança, não se trata de traição. Daí que não se pode ser infiel sem querer.
EliminarIsabel, desculpe a insistência, mas não ter consciência dos limites da confiança é, quanto a mim, pior que o próprio acto de as ultrapassar.
EliminarSim, em termos de valoração pior/melhor, também considero ser pior o não ter essa consciência. Contudo, creio que nessas circunstâncias não se designa de traição.
EliminarCreio que o que todos queremos é uma coisa diferente da fidelidade. É a entrega.
ResponderEliminar(De nada me serve a fidelidade de quem não se entrega livremente e creio até poder dispensar a fidelidade a quem se entrega)
ResponderEliminarAbsolutamente, Cuca.
EliminarNão perdendo de vista que, como diz Vinicius, "a felicidade é maleável, é macia, é elástica..."