quinta-feira, 6 de abril de 2017

Debussy - Clair De Lune

Uma última mensagem nocturna e críptica, como uma ameaça em fundo azul: "Quero ver-te". No instante seguinte, a imagem ocupava todo o ecrã da noite: um banco junto ao passeio marítimo, uma silhueta, um vestido preto do outro mundo, o peito generosamente desnudado, as ancas amplas, a pele branca, o cabelo arruivascado sobre os ombros arredondados, sapatos de salto alto, pretos, ao pescoço um lenço de seda, ao lado a mala aberta, óculos, tabaco, isqueiro... e por cima um outro lenço, também fino e leve, amarelo torrado. Os cabelos revoltos pelo vento, o olhar atento, absorto, perscrutando o horizonte, o rosto marcado por uma branda e evasiva solidão, mas intenso como no passado, à espera de um sussurro, de um movimento de lábios ou de mãos ou de corpo ou... de ondas no mar ao fundo.

8 comentários:

  1. "Quero ver-te." é das melhores mensagens que se pode receber. Ocupa o ecrã de vários instantes depois desse instante já não o ser.
    Bom dia, Impontual :)

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    1. É irresistível o desejo de ser desejado. É isso que me diz, Olvido?

      Boa tarde, agora.

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    2. É - ou devia ser - irresistível o desejo de quem desejamos. Ser desejado por quem não se deseja não ocupa o ecrã do momento algum, pelo menos não para mim.
      Boa noite, já a esta hora :)

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  2. e esta música que calha aqui tão bem.
    (imaginei só a versão do piano)

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  3. "Preciso ver-te"...não manifestaria uma necessidade mais premente - como quem precisa de água para sobreviver no deserto árido de desejo do receptor da mensagem? "Quero", parece coisa tipo capricho da dona desse cabelo "arruivascado". :)
    Quem escolheu a melodia? Ele ou ela?? Sublime...como o som das ondas do mar ao fundo.

    Boa tarde, Impontual.

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    1. Maria Antonieta, só há lugar para uma premência maior. :)

      Boa tarde. Como vai?

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    2. Vou razoavelmente bem, Impontual.
      Obrigada por perguntar.

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