(...)
Duarte estava agora a aguentar toda aquela cena, completamente virado para dentro, da mesma maneira que aguentava tudo. As palavras "ainda há pouco pedias a Deus por sinais" abriram caminho pela sua mente como grotescas enguias nadando em águas pesadas cheias de algas negras ondulantes, rodopiando e redemoinhando à volta umas das outras. Agarrou com firmeza o último copo, formando com ele uma dupla compacta: solitários, sofredores em silêncio, devoradores de vidas inconsequentes. Era difícil abandonar-se, render-se. No fim do dia tinha sempre vontade de dormir sozinho. Despiu-se e encheu a banheira. Ficou de molho durante imenso tempo, folheando umas revistas que nem teve o cuidado de não molhar. Bebericou as últimas gotas de bourbon que repousavam no fundo do copo. Na boca ficou-lhe um travo a chuva. Quando sentiu que a água quente tinha cumprido o seu papel, aliviando-lhe a tensão das pernas e concentrando-a no sexo, masturbou-se, arqueando o corpo no momento crucial para romper a água e ejacular para o ar. Para espanto seu, uma gota de esperma bateu na lâmpada pendurada no tecto, com um som crepitante, projectando uma sombra trémula e fugidia.
- "Deus queira que Deus não exista, Deus queira que Deus não exista", vociferou de olhos semi-cerrados
Duarte estava agora a aguentar toda aquela cena, completamente virado para dentro, da mesma maneira que aguentava tudo. As palavras "ainda há pouco pedias a Deus por sinais" abriram caminho pela sua mente como grotescas enguias nadando em águas pesadas cheias de algas negras ondulantes, rodopiando e redemoinhando à volta umas das outras. Agarrou com firmeza o último copo, formando com ele uma dupla compacta: solitários, sofredores em silêncio, devoradores de vidas inconsequentes. Era difícil abandonar-se, render-se. No fim do dia tinha sempre vontade de dormir sozinho. Despiu-se e encheu a banheira. Ficou de molho durante imenso tempo, folheando umas revistas que nem teve o cuidado de não molhar. Bebericou as últimas gotas de bourbon que repousavam no fundo do copo. Na boca ficou-lhe um travo a chuva. Quando sentiu que a água quente tinha cumprido o seu papel, aliviando-lhe a tensão das pernas e concentrando-a no sexo, masturbou-se, arqueando o corpo no momento crucial para romper a água e ejacular para o ar. Para espanto seu, uma gota de esperma bateu na lâmpada pendurada no tecto, com um som crepitante, projectando uma sombra trémula e fugidia.
- "Deus queira que Deus não exista, Deus queira que Deus não exista", vociferou de olhos semi-cerrados
A convite/desafio do meu caro Miguel Bondurant, e não sei se agradeça ou peça desculpa, mas a quem deixo um forte abraço.
Bom epílogo para uma boa história!
ResponderEliminar:)
Uma história boa que, de tão aberta, me atirou para o colo a responsabilidade de a não fechar. :)
EliminarMeu caro,
ResponderEliminarUm convite tem duas respostas. Agradeço a sua resposta.
O convite não foi inocente, e o porquê está à vista :)
Está excelente, como eu calculava, e correndo o risco de ser mal interpretado, o Duarte ficou condenado a uma bela morte :)
A música perfeita!
E é verdade, o Impontual, deixou a porta aberta para o epílogo do epílogo :)
O meu muito obrigado pela participação nesta brincadeira intermitentemente louca.
Caríssimo,
EliminarEu é que agradeço.
Abraço.
Eu caio aqui sem saber se há enredo para trás. O epilogo começa com três pontos encerrados entre parênteses...
ResponderEliminarMas aguardo pacientemente o desenrolar :)
Actualiza-me Impontual, ok?
Bom S. João :)
Sandra,
EliminarÉ só seguir os links ( Aqui e aqui) e ir ter à intermitente Loucura do Miguel Bondurant.
Obrigado