quarta-feira, 10 de abril de 2019

Buraco negro

Fizeram amor com uma intimidade física que nem um nem outro alguma vez havia experimentado. O corpo dela já não recusava o dele. Ele fechou os olhos e os seus olhos fechados viam-na a ela. Os músculos dela, pronunciados pela magreza, e a frescura e macieza quase inanimada da sua pele reclinaram-se sobre ele expondo os seus peitos ao toque. A entrada entre as suas pernas estava molhada e dilatada mas, ao mesmo tempo, estranhamente rígida; fazendo lembrar - contra a sua vontade - uma ferida, conferindo ao seu sexo uma tonalidade violenta apesar da suavidade com que tentava movimentar-se. Sentiu o seu cheiro. Sentiu a sua respiração trepar dificultosamente das entranhas. Perto do fim, ela estremeceu - lamentosamente, quase mortalmente e o seu estremecimento desencadeou o dele. Sentiram-se simultaneamente saciados e envergonhados.

5 comentários:

  1. Pronto, nem de propósito! Já me tinha ocorrido o que iria escrever o Impontual acerca deste tema. Juro que é verdade; pensei: de certeza que, dali, só pode sair um texto erótico.
    Esta semana tenho de fazer o Euromilhões...

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  2. Qualquer dia, fico com ciúmes dessa trinca espinhas...

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  3. "Sentiram-se simultaneamente saciados e envergonhados."

    So typical & beautiful :)

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  4. Parece ser mais um buraco azul:)
    ~CC~

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