terça-feira, 14 de abril de 2020

Amor em tempo de pandemia

Entre a palidez e o rubor dos seus rostos perpassa uma tímida procura e um atenuado desejo. Mas logo se beijam mais e com fúria. Ele mexe-lhe nos seios, acaricia-lhe as coxas macias. Deitam-se ao lado dos juncos na margem do rio. Dolente, vagarosa, ela tira as ligas, as meias, as cuecas; mostra-lhe o sexo, ele afaga-o, as pontas dos dedos tocam-no de mansinho, docemente percorre os pêlos espessos negros e abundantes que o confinamento criou: é atraído por uma inquietação nova e muito viva, beija-o, trémulo e feliz; ela suspira, um bulir suave, estremece, solta um grito rouco quando o pénis dele a penetra, sente-se rasgada por dentro, envolve-lhe os rins com as pernas, os movimentos de ambos aceleram-se, as respirações tornam-se opressas, gemem e gritam unânimes, cálidos e majestosos: a móvel felicidade. 
Depois, uma espessa bruma subiu do rio e inundou os ecrãs. Riram-se, cada um do seu lado.

4 comentários:

  1. Olá:- Dizem que fazer amor de forma virtual, defronte a uma câmara, que atoe é bom por ser diferente.

    Como as coisas estão um dia destes fazer amor/sexo só um de cada lado, lol

    Fabulosa imaginação
    .
    Tenha uma semana de Luz

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  2. Elecrochoques. Toques. Pele. Ansiedade nas mãos.

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