terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Cratera Jazero

A escuridão dos céus serve de cenário ao corpo a corpo. Jogam, fazem tenção de tudo, já. Ele persegue-a, empurra-a, levanta a saia, retira o que estorva, espanta-se silencioso da pele suave das nádegas, atarda-se, prova com os dedos o acetinado, ela puxa a sua cabeça para entre as coxas, ele obedece à determinação, coloca as mãos atrás das ancas, oscila a cabeça, aplica-se com doçura, ali onde tudo está à flor de tudo, avança sem forçar, afloramento, saliva e humores amalgamados. Ela cala-se, de olhos fechados, pensa na terra que se esvai para os confins do universo, foguetão projectado no firmamento, espera, ri-se, emociona-se, goza cada segundo, o tempo estira-se, a luz brota por todos os lados. 

7 comentários:

  1. Impontual em Marte, parece-me bem :)

    Toca a ter um dia bonito e sorridente.

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  2. O senhor Impontual anda muito erotizado. Será do confinamento? Ou é só para descontrair. Pronto.

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    1. O erotismo é tão indispensável como a poesia.

      Bom dia , Bea.

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    2. Se me permite, discordo. E mesmo que não permita, continuo a discordar. Há uma universalidade na poesia que ultrapassa largamente o erotismo.

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  3. O senhor Impontual há muito que treina a escrita erótica, um dos estilos que eu acho mais difícil de todos. Como escapar ao tom/estilo das 50 sombras? Eu nem aprecio o Philip Roth - um homem que muito gosta de escrever este tipo de coisas e bastante apreciado nessa capacidade. Só abro até agora uma excepção: Herberto Helder. Também o lê?
    ~CC~

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    1. "Em marte aparece a tua cabeça -
      eu queria dizer. No lugar onde
      desapareceu a janela,(...)
      Onde era a cortina fria,
      de pássaro escutando."

      Bom dia, CC

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