Encontrávamo-nos no paredão junto à praia e não seguíamos para o areal, seguíamos para o prado para uma festa muito nossa. O vento de Agosto já baloiçava Setembro. Instalávamo-nos sob a mesma carvalheira, desembrulhávamos os nossos lanches enquanto o vento e a sua cauda de espaços entrava nas nossas bocas e assobiava nos nossos cabelos. Espalhávamos pasta de fígado em grandes pães e bebíamos pelo mesmo copo uma laranjada que, de tão fria, gelava os dentes. Fumávamos um Ritz subtraído ao avô, olhávamos os frémitos juvenis da erva verdejante, os frémitos de velhice do colmo amontoado. O vento, carrossel de gaivotas, volteava por cima do nosso fascínio e do nosso lanche.
Parece que foi ontem!
e se o tempo se medisse pela intensidade dos momentos?
ResponderEliminarPetrificava-se.
EliminarQue a intensidade não nos impeça de respirar de vez em quando...
Como vai, ana de Bóreas?
quando há nevoeiro, como agora, o norte não sopra forte
ResponderEliminarO que seríamos nós sem a memória, completada pela escrita? Começa a fazer sentido o chavão "e recordar é viver".
ResponderEliminarAgora temos memórias, e a possibilidade de fazer algo novo. Começo a gostar da meia-idade.
Abraço meu caro
O que é a meia-idade, meu caro?
EliminarAltura da vida em que tudo está por fazer e já há memórias boas do que se fez.
EliminarOu isso ou algo saído do Tolkien
Sinto falta de andar com lancheiras...
ResponderEliminar... e do vento?
Eliminar"Bóreas", Impontual...esta sua maneira tão bela de escrever, deixa-me com o vento norte a desnortear-me. Ensina-me como se faz 'isso'?...
ResponderEliminarAntes de tudo é preciso gostar-se do vento norte. :)
EliminarEste agosto, por aqui, vento norte é o que não falta Impontual, apareça :)
ResponderEliminarObrigado pelo convite, GM. O vento norte não é igual em todos os lados. :)
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