quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Ponta-de-lança

Não há nada tão excitante como experimentar aquela sensação de ter alguém pela frente sem qualquer capital de ideias mas com os bolsos recheados de euros e, sem hesitar um instante, escrever na toalha que se encontra sobre a mesa uma cifra com seis zeros, provocatória - isto é quanto vale. Cobrir o numero com um risco e acrescentar: mas o projecto é seu. E depois com um impulso repentino, entrelaçar os dedos das mãos, pousar o queixo sobre elas e ficar ali a ver a seta já lançada a voar em direcção ao alvo com a certeza de que lhe imprimimos uma trajectória infalível, mas que ainda assim lá mais para o final do mês o nosso soldo terá uma variável de crescimento incompatível e os vencedores serão outros, os do costume, os palmadinhas nas costas.
É por isso que gosto muito de futebol, o único sector de actividade onde o operário ganha mais que o administrador.

6 comentários:

  1. E nem mesmo aí, a coisa é tão linear. :-)

    ResponderEliminar
  2. Perguntas provocatórias:
    1- Os zeros estão à esquerda ou à direita do número?
    2- Quem é o capitalista sem ideias e o arquitecto sem capital?
    3- Um deles é o Impontual?

    Pronto, não pergunto mais nada.

    Abraço, Impontual. :)

    ResponderEliminar
  3. Como te compreendo, Impontual.
    Consegui esboçar um sorriso, quando fazes menção aos operários que fazem a bola girar no relvado como se não houvesse amanhã.
    Os putos ganham ordenado desmesurado como se não houvesse amanhã, mas acredita que o amanhã sem eles, continua a ser o mesmo amanhã.
    Ando cansada com tanta desproporcionalidade face à real responsabilidade.
    Ando azeda é um facto, e sinto a ponta dos dedos a comichar. Agora não sei se isso é um bom, ou um mau presságio.
    Beijo Impontual.

    ResponderEliminar