quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Prólogo

São cada vez menos os olhos que vêem o que ainda está escondido. Olhos infelizes, haveis visto de menos! A verdade é que as linhas começam a ter um traçado pouco definido, os extremos tornam-se flexíveis; as cores esbatem-se e como que flutuam, estão a ficar esbranquiçadas à luz e a perder a sua vitalidade. A sua camada fina distende-se. A Natureza fala, chora, pede socorro. O Homem é frágil e débil, à semelhança da civilização que erigiu em seu redor. Calado ainda avança decisões na noite escura das perguntas sem resposta. Estas parecem ser as características do retrato do mundo futuro. Está em marcha o processo de óxido-redução e da transformação dos haletos. Para já fica assim. Ainda se respira. Quem vier a seguir que ponha a máscara. Ou que feche a porta. Dou graças por não estar presente para ver essa fotografia.

Hoje arranca a volta a Portugal em bicicleta. Esta tarde temos um curto prólogo, seguem-se doze longas etapas. Abri os olhos.

11 comentários:

  1. Mas ficam os descendentes...
    Boa tarde Impontual

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    1. Como diz a Tétisq no seu Pó de Giz: " fiquemos a vê-los na praia a fazerem castelos de areia, de beatas e de plástico.

      Como vai, JI? :)

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  2. Um aviso, uma profecia?
    Entenda quem souber...como quiser. Penso que entendi, Impontual.

    Um abraço, abra também os olhos, tá?

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    1. Já não é um mero aviso. Uma profecia a cumprir-se? Talvez. Estamos a fazer tudo para que sim, se cumpra. E mais cedo que aquilo que se imagina.

      Abraço, Janita. Obrigado por ter vindo em Agosto. :)

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  3. O "paraíso" está mais próximo. O overshoot day tem vindo a reduzir de ano para ano.
    Ok. :)

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  4. precisamente e, nem de propósito, falei hoje sobre o olhar (grafado em enore prenúncio), apesar de se tratar de um outro contexto (ou não).

    abraço, Man With A Chair.
    (praiza a tua lucidez :)*

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    1. Alexandra. Isto é mais aflição de que outra coisa.

      retribuo o abraço, mas mais apertado.

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  6. Este post é dos mais inteligentes que o Sr. Impontual publicou nos últimos tempos. É de facto atroz a visão periférica de um futuro sem futuro como já foi dito acima.
    Estou sempre a dizer-lhe o mesmo, escreva sobre o amor, saia do observatório que isso faz-lhe mal. :)))

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