Vem do lado do mar um sopro morno de vento e o eco da distante trovoada seca. Quando o vento é morno e as trovoadas são secas, correm pelos telhados e descem pelas ruas odores estonteantes que perturbam as pessoas e as fazem andar mais apressadas, silenciosas e sós. Os rostos tornam-se fechados e indiferentes. As portas e as janelas são cerradas como se a atmosfera estivesse carregada de inumeras ameaças e apenas no interior das casas as pessoas, sem coragem nem paciência, conseguissem preservar-se e defender-se desses perigos indistintos.
Ou então, apetece-lhes falar com os seus espíritos; ouvi-los. E, até o estrondo se extinguir, pouco a pouco, sobe-lhes à memória mil pequenas coisas que lhes sucederam e às quais atrubuem alguma importância derivada. Devem ser coisas emudecidas pelo tempo: factos, rostos, gritos, gestos, vozes sem nome, que talvez nestas alturas lhes impõem os seus mistériosos impulsos. Ou talvez esse momento possa ser uma forma de solidariedade e de equilibrio para com os seus fantasmas. Sei lá.
Adoro estar à janela e ver os relâmpagos e depois o som, aquele estrondo que estremece tudo e todos...e no mar? onde os raios se cruzam com o horizonte e mostrando a sua imponência.
ResponderEliminarE depois lembramos-nos de Santa Barbara, não é Impontual[risos]
O surgimento do covid-19 é tão ou mais que uma trovoada seca.
ResponderEliminar.
Cumprimentos
Talvez seja a hora dos espíritos se reequilibrarem. Quem sabe...
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