Nessa terra cujos céus eram límpidos, as madrugadas húmidas, as manhas frescas, e onde as silhuetas se dobravam contra os ventos ruins, tu era uma espécie de contra-mão, a prova de que a bruma não vence todas as resistências. Sorriso gratuito, franco, livre, quase involuntário, eras como um bálsamo. Assumias a expressão do triunfo.
A principio não falávamos. Havia somente o ruído dos nossos passos sobre o asfalto húmido, o sopro do vento da tarde que se embrenhava nos nossos pescoços; havia as nossas cabeças curvadas, os nossos narizes avermelhados, o frio dos corpos, a companhia muda do outro, a marcha silenciosa. E depois, sem que nada o deixasse prever, tu tomaste a palavra. Acreditei que irias fazer uma alusão ao tempo. Mas não, foi outra coisa, dessas coisas que não se dizem quando as pessoas não se conhecem, mas que contudo tu disseste, pois tu não eras uma mulher como as outras.
Disseste que eu era um homem como tu gostavas. Não era teu desejo deixar-me embaraçado, apenas tinhas necessidade de o dizer. Disseste que não tiveste de vencer uma única reticência, não tiveste que te conter. O que tu notaste antes de mais em mim foi o ar distante, a indiferença, a displicência. Não te terias aproximado de um homem que te tivesse cobiçado, que se tivesse exibido. Desses homens que trazem a virilidade a tiracolo.
Hoje pensei em ti. Fiquei com um alto nas calças.
Disseste que eu era um homem como tu gostavas. Não era teu desejo deixar-me embaraçado, apenas tinhas necessidade de o dizer. Disseste que não tiveste de vencer uma única reticência, não tiveste que te conter. O que tu notaste antes de mais em mim foi o ar distante, a indiferença, a displicência. Não te terias aproximado de um homem que te tivesse cobiçado, que se tivesse exibido. Desses homens que trazem a virilidade a tiracolo.
Hoje pensei em ti. Fiquei com um alto nas calças.