segunda-feira, 16 de maio de 2016

Verdes anos.


Era um tempo em que tinham de tal maneira fome de vida que viviam sem sequer terem tido tempo de aprender a viver. Foram aprendendo mais tarde, a meio da tarefa, a pouco e pouco, enquanto viviam. Ela ouvia-o pacientemente e esmiuçava as suas confusões em fragmentos tão pequenos que ele não podia fazer outra coisa senão sorrir-lhe, feliz e confiante, com uma oferenda de amor nos olhos. Por isso, oferecia-lhe música que a comovia, lia-lhe poemas e excertos que lhe diziam que era dela que estavam a falar, e era dela. Livros que iam para além da limitação das palavras, que davam significados cruzados à vida que não tinham aprendido, mas que já estavam a viver. Faziam amor sem que lhes tivessem dito como é que se fazia amor. Gostavam das coisas boas sem que lhes tivessem ensinado em que é que elas eram deleitosas. Com as coisas que partiam do corpo era muito fácil, mas outras para serem compreendidas através das suas manias, dos seus sintomas ou das suas inibições, exigiam mais tempo. Ainda aprenderam a compreender a música. A musica dele. A musica dela. Transformaram filmes e livros em teimosias sempre ganhas, por ela, por ele. E sobretudo foram falando muito de amor, do que era, do que não era, como se aprendia, se um olhar furtivo nos dá realmente tanta informação que já possamos considerar que estamos apaixonados ou se realmente é necessária toda uma vida para descobrir que se ama. Cedo perceberam que uma vida ia ser pouco. E foi.

10 comentários:

  1. O amor sempre guarda uma parte de mistério- por isso precisa ser descoberto, sim, por toda a vida. Abraços.

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    1. Esse é o ponto, descobrir o mistério. :)
      Abraço Liette

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  2. O amor não se ensina, sente-se.
    Uma vida é o tempo que dura.

    Bom dia, Impontual!

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    1. O amor se não se ensina, nao se aprende...

      Boa tarde Isabel

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    2. Está bem, Isabel.
      Nisto do amor podemos ser uns ignorantes por conta própria...
      :)

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  3. ...é sempre pouco quando duas vidas rumam no mesmo sentido.
    Beijo doce

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    1. É sempre um curto espaço de tempo que se perde no infinito.

      Beijo

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