Voz acetinada pela fadiga, cigarro entalado entre as unhas já pintadas da cor do Outono, mãos finas e compridas, uma franja indefinida estendendo-se em leque sobre a testa, a alça do vestido preto descaída sobre o ombro arredondado. Incrivelmente perturbadora. Sem dúvida uma mulher muito sensual, impregnada de cansaço, lindamente marcada pelas rugas e confortada por alguns quilos a mais. Libertava uma força erótica tão perceptível, tão forte quanto o odor da casta de colheita tardia no seu perfeito estado de maturação. Um vinho das cotas mais altas. Tinto. Encorpado. Mistura de geleia de frutas negras e especiarias. Taninos doces. Um sorriso fleumático e uma certa filosofia.
que bem que diz este post, com o da Teresa. :)
ResponderEliminarque bem que diz connosco.:)
EliminarNum mundo em que todos reverenciam a juventude, leveza, e a frescura dos verdes anos, é de louvar que haja alguém que nos mostre, em belas palavras, quanto vale o odor perfumado e doce de um corpo de mulher em pleno estado de perturbadora, mas não constrangedora, maturação...Gostei!! :)
ResponderEliminar...só não me agradou lá muito a referência às 'cotas' e não castas, mais altas...maldade, Impontual?
EliminarA magia outonal.
ResponderEliminarBoa noite, caro Impontual. :)
Que descrição fabulosa! O detalhe e a elegância aprimoram-se com o passar dos anos. É só querer! :)
ResponderEliminarVinho do Porto?
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